CPI tem dificuldade em convocar Julio Lopes

O deputado federal e ex-secretário de Transportes Julio Lopes (PP) conseguiu mais uma vez adiar sua oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O presidente da Comissão, Eliomar Coelho (PSOL) disse que vai estudar quais providências devem ser adotadas para o comparecimento de Lopes. “Ele foi secretário de 2007 a 2014 e tem muitas informações que são importantes para o nosso trabalho”, destaca.

A Comissão já havia encaminhado um convite ao ex-secretário, que foi recusado, com a alegação de que não teria nada a dizer, já que o plano de trabalho da investigação se baseia nas operações Calicute, Eficiência, Ponto Final e Cadeia Velha, em que ele não é citado. Com a recusa do convite, a Comissão partiu para a convocação. “Ele repetiu praticamente a mesma coisa: que a CPI não tinha nada a ver com o trabalho dele, ou seja, deu uma desculpa muito esfarrapada”, comenta o presidente da CPI.

Segundo Eliomar, o objetivo é fazer a investigação sobre irregularidades que possam ter acontecido no sistema de transportes e apurar, se por acaso houver também, quais foram os prejuízos sociais e econômicos para o estado. “Não tem nada a ver com operação Calicute, Cadeia Velha, nem Ponto final, mas podemos, até no desenrolar do assunto, chegar a esses pontos”, destaca. Como exemplo dessas ligações, ele ressalta o envolvimento dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário com os empresários nas supostas irregularidades. “Hoje há três pessoas, aqui da Casa, encarceradas por conta de relações promíscuas entre o empresariado dos Transportes, o Tribunal de Contas e os parlamentares daqui da Assembleia”, argumenta.

Para o presidente da CPI, os esforços são para desvendar os detalhes do esquema. “Vamos montar um organograma em que há o núcleo econômico, o administrativo, o financeiro-operacional e o político e já sabemos que quem comandava esse espetáculo era o ex-governador Sergio Cabral”, explica Eliomar.

Comparecimento de Lopes vem sendo adiado

O ex-secretário respondeu à convocação da CPI, marcada para esta sexta-feira (13/4), apresentando o parecer de um procurador parlamentar da Câmara Federal de que ele não tem a obrigação de prestar depoimento, já que o regimento da Assembleia não menciona a convocação de autoridades federais. Na justificativa, o procurador diz que o comparecimento do deputado depende de sua boa vontade, podendo agendar local e horário.

A resposta do deputado chegou ao Palácio Tiradentes, na última quinta-feira (5/4). Mas, em vez de ser enviado à presidência da CPI, foi encaminhado à Procuradoria da Assembleia.

Só nesta quinta (12/4) à noite, o presidente da CPI foi informado de que Lopes não compareceria. Na sessão do plenário da Assembleia, o presidente da Casa em exercício, André Ceciliano (PT), admitiu que Lopes esteve com ele e entregou o parecer do procurador. “Julio Lopes deu resposta; aliás, fiz uma cobrança sobre o caso no plenário da Presidência da Casa, que estava dirigindo os trabalhos, mas realmente houve uma coisa, no mínimo esquisita”, pondera Eliomar Coelho.

Calendário da CPI

Na próxima sessão, nesta quarta-feira (18/04) estão marcados os depoimentos do presidente em exercício do Detro, Olívio Soares, e da secretária executiva da Agetransp, Daniela Rocha. No próximo dia 25, também numa quarta-feira, será realizada a Audiência Pública “Investimentos e qualidade dos serviços prestados pelo MetrôRio”.

A presidente da RioTrilhos, Tatiana Vaz Carius; o diretor-presidente da Central, Rogério Azambuja; e o presidente do MetrôRio, Guilherme Ramalho serão ouvidos no dia 2 de maio.

O presidente da Fetranspor, Armando Guerra, ainda será convocado para comparecer à reunião extraordinária do dia 4 de maio. Esta data ainda não foi confirmada.

No dia 9 de maio, será realizada a quarta Audiência Pública “Transporte ferroviário e teleféricos: avaliação dos investimentos e gestão financeira dos contratos”.

Foto: Divulgação/Alerj

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