Ônibus do município do Rio rodarão com combustível mais limpo

As empresas de ônibus estão obrigadas, por decreto do prefeito Marcelo Crivella, a adicionar 20% de biodiesel (B20) no combustível fóssil (diesel) usado em suas frotas. O objetivo é a redução de 70% das emissões de dióxido de carbono, que causam doenças respiratórias, alérgicas, cardiovasculares, neurológicas e câncer de pulmão. De acordo com o texto publicado em janeiro, no Diário Oficial, caberá à Secretaria Municipal de Transportes fiscalizar o cumprimento da norma, editando as regras necessárias para sua execução.

O decreto cita o estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) que atribui às emissões do dióxido de carbono o aumento da temperatura no planeta, com alterações climáticas e consequente proliferação de mosquitos transmissores da dengue, malária e febre amarela, que causam mortes.

Há diversos estudos sobre o efeito dos combustíveis na atmosfera e no ambiente, que investigam a caracterização, contaminação e medidas de controle. O engenheiro químico Claudinei de Souza Guimarães, professor do Programa de Engenharia Ambiental, da Poli-UFRJ, ressalta que o benefício imediato do uso de um combustível mais limpo será a melhoria da qualidade do ar do município. “A adição do B20 diminui os poluentes, como óxidos de enxofre, partículas de diversos materiais, compostos orgânicos voláteis e fumaça, além de reduzir os poluentes secundários, como o ozônio, formados na atmosfera a partir da emissão desses gases e partículas”, detalha o professor da Escola de Química da UFRJ.

O engenheiro químico destaca ainda que o ozônio é oxidante, e sua concentração acima do permitido por lei pode causar diversos problemas pulmonares, prejudicando também a vegetação. “O ozônio atualmente é o único poluente secundário legislado no Brasil”, comenta Guimarães.

De acordo com o professor, as pesquisas demonstram também desvantagens no uso do biodiesel. “Os mesmos estudos que confirmam a redução da poluição apresentaram um aumento na formação de óxidos de nitrogênio e nitratos de peroxiacilo, que, através de reações químicas, produzem o ácido nítrico, contribuindo para o aumento da chuva ácida”, alerta.

Testes realizados por centros de pesquisas em ônibus no município, com a supervisão da Agência Nacional do Petróleo e Gás, pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ), pela Petrobras concluíram que a adição de B20 ao combustível não altera o rendimento dos motores.

Para Guimarães, outra vantagem da mistura seria o investimento maior em pesquisas por fontes renováveis. “O crescimento do consumo incentivaria a produção no país e o desenvolvimento de novas fontes de energia, utilizando a nossa biomassa”, justifica. Atualmente, o litro do biodiesel é mais caro que o diesel. “Talvez com o aumento da produção, devido à oferta e procura, no futuro, o preço do B20 seja mais barato”, conclui.

Foto: André Gomes Melo/ Fotos Públicas.

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