Passageiros denunciam irregularidades em Transportes de Santa Teresa

Os moradores de Santa Teresa enfrentam diariamente problemas de deslocamento devido à precariedade do sistema de transporte público do bairro. Segundo os passageiros, os carros rodam sem manutenção, às vezes com janelas sem vidros, portas caindo e roletas emperradas. “A limpeza é um grande problema. Os ônibus são sujos por fora e imundos por dentro, não sendo raro ver baratas nos pisos, paredes e bancos”, comenta Paulo Saad, presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa (Amast).

Os usuários relatam que os intervalos dos coletivos são irregulares durante o dia e após as 23h. Nos fins de semana, o número de ônibus em circulação diminuiu drasticamente. “Às vezes vemos quatro ônibus em fila descendo ou subindo; depois ficamos meia hora sem ver ônibus nenhum passar. À noite e aos sábados e domingos, a redução de coletivos é maior na linha 014”, observa o presidente da Amast.

Para a recepcionista, Aladyr Ferreira dos Santos, que mora no Largo das Neves, viajar em coletivos refrigerados é um luxo. “Só vejo um circulando nas linhas Silvestre 006 e 007. Quem sabe, com o novo cronograma para a climatização da frota anunciado pelo prefeito, teremos mais ônibus com ar-condicionado no bairro”, aguarda.  Além de dirigirem em alta velocidade, os motoristas não param para estudantes e idosos. “É muito desrespeito e ainda corremos risco de sofrer acidentes”, queixa-se a contadora Maria das Graças Vieira Castro.

Bondes funcionam precariamente

O bonde de Santa Teresa voltou a circular em 2015, depois do acidente em agosto de 2011, que deixou seis mortos e 56 feridos. “O trajeto atual de um quarto do bairro é ridículo frente à demanda real. O intervalo de até 20 minutos não resolve o problema principal que é a necessidade de locomoção dos moradores para trabalhar e estudar”, critica Paulo Saad. De acordo com ele, a tarifa de R$ 20,00 é absurda, mesmo com a gratuidade para os moradores. “É um desvio de finalidade de um meio de transporte popular, que o governo quer direcionar para o turismo”. Para a estudante de Sociologia, Mirtes Lourenço de Oliveira, é perda de tempo esperar pelo bonde. “Só pego se estiver passando na hora que saio de casa para a faculdade. Não dá para contar com ele”, comenta.

Fiscalização da Secretaria de Transportes

A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) recebeu as reclamações dos usuários e informou que, em ação realizada em Santa Teresa, nesta terça-feira (5/6), dois ônibus da linha 007 foram lacrados por não apresentar selo de vistoria e por inoperância do dispositivo de acessibilidade.

Segundo a SMTR, este ano, as linhas 006 e 007 receberam uma multa cada, por operar com frota abaixo do determinado. A Linha 014 recebeu três multas por rodar com menos veículos do que o estabelecido no contrato com a Prefeitura e uma multa por má conservação dos coletivos.

Para o presidente da Amast só a fiscalização dos ônibus não resolve o problema. Paulo Saad propõe como solução que o bonde seja o principal transporte público do bairro, complementado por vans, conectando Santa Teresa à Glória, Riachuelo, Largo do Machado, Laranjeiras e Rio Comprido. “Queremos 24 composições circulando em todo o bairro, das 5h40 às 23h40, com intervalos de 5 minutos entre elas, atendendo estudantes e idosos. O trajeto deve alcançar o Silvestre e o Largo das Neves, Carioca e Lapa, com tarifa social e com integração modal para toda a Região Metropolitana”, reivindica Saad.

Foto: Henrique Freire/ Setrans.

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