Dois milhões de pessoas deixaram de usar o ônibus no Rio

A evasão de usuários de ônibus vem crescendo a cada ano. Segundo a Fetranspor, desde 2016 entre 1,8 milhão a 2 milhões de pessoas deixaram de usar os coletivos como meio de transporte em todo o estado do Rio. A frota, que até 2015 transportava 9 milhões de passageiros por dia, carrega atualmente 7 milhões, representando uma queda de até 22% no total de usuários transportados. O assunto foi debatido, nesta quarta-feira (22/8), na abertura da 16ª edição do Congresso de Pesquisa e Ensino em Engenharia de Transportes do Estado do Rio de Janeiro – XVI Rio de Transportes, promovido pela Coppe/UFRJ, no Fundão.

De acordo com o diagnóstico nacional feito pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) com base na perda de passageiros de nove capitais brasileiras, incluindo o Rio de Janeiro, 3,6 milhões de pessoas deixaram de utilizar os ônibus diariamente nestas cidades, em 2017. O número representa uma redução média de demanda de 9,5% com relação a 2016. As capitais pesquisadas, além do Rio, foram Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.

A diretora de mobilidade da Fetranspor, Richele Cabral, explicou que a situação no estado do Rio piorou a partir de 2016 com o fim dos investimentos em mobilidade urbana feitos por conta de grandes eventos como a Olimpíada. A crise econômica nacional foi outro agravante, levando milhões de brasileiros a perder seus empregos. A falta de segurança pública também é apontada por ela como uma das razões para a evasão, já que por medo da violência as pessoas saem menos de casa.

Richele argumenta ainda que a redução do número de passageiros não diminui o custo da operação na mesma proporção, até porque alguns custos são fixos, o que implica a queda da receita das empresas e a consequente falta de recursos para investir nos veículos. O resultado é uma tarifa mais alta e uma frota mal conservada. Segundo a diretora da Fetranspor, o trem e metrô também perderam passageiros, e isso mostra que muitos usuários estão se deslocando de automóvel, motocicleta ou bicicleta, entre outros meios.

No caso do Rio, os congestionamentos, sobretudo na Avenida Brasil, são um fator a mais para a evasão. Segundo Richele, há ônibus da Baixada Fluminense que antes faziam de três a quatro viagens diárias, mas agora só conseguem fazer uma de ida e volta, por conta dos constantes engarrafamentos provocados pela obras da Transbrasil , o que leva os usuários a optarem também por outros meios de deslocamento. Segundo Richele, um ônibus de Nova Iguaçu para o Centro que antes fazia três viagens agora faz só uma e, como fica parado, já não consegue mais transportar o mesmo número de passageiros de antes.

Foto: Agência Brasil

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