Tarcísio Motta critica falta de planejamento do BRT Transbrasil

O vereador Tarcísio Motta (PSOL) fez duras críticas ao prefeito Marcello Crivella em relação às obras do BRT Transbrasil. Em conversa com o site Estação Rio, o parlamentar disse que as ações da Prefeitura são confusas e desorganizadas. “Tudo que envolve o BRT Transbrasil são exemplos claros dessas características do Crivella, que são o caos administrativo e a falta de planejamento”, ressalta. Segundo Tarcísio, os sucessivos adiamentos da inauguração do corredor são consequência da falta de um plano operacional. “O BRT de fato só vai acontecer em 2021, exatamente por conta de não ter planejamento nenhum. O estudo deve ser feito antes da obra, mas o município faz depois. É uma prefeitura que gosta de brincar com a vida do cidadão e gastar dinheiro público desse jeito”, argumenta.

Para o vereador, o BRT Transbrasil tem erros desde que foi projetado e que não há uma solução à vista, para começar a funcionar. “A minha avaliação é que eles estão em um mato sem cachorro. Mesmo o falecido vice-prefeito MacDowell apontava problemas de concepção no Transbrasil”, comenta. De acordo com Tarcísio, o dinheiro gasto na construção aumentou por falta de um plano para operar o modal. “É uma obra que já custou muito e eles têm de terminar, mas tem erros de concepção muito graves e eles não sabem o que fazer com isso”, comenta. Segundo Tarcísio, essa situação é o retrato da atual gestão municipal. “Esse é o caos da administração Crivella: resolve terminar a obra sem ter planejamento para que esta possa, de fato, trazer benefícios para a população”, resume.

O parlamentar explica que o atraso na conclusão do corredor Transbrasil acabou por alterar o projeto inicial. “Estão demorando muito mais do que deveriam para terminar, agora, apontam que o Transbrasil vai começar a operar como BRS e não como BRT”, acrescenta. O parlamentar lembra ainda que os terminais para os ônibus que virão, sobretudo, da Baixada Fluminense, e que são fundamentais para a operação, não estão prontos. “Toda essa obra custou muito caro, não só aos cofres públicos, mas para a vida dos cariocas, que sofrem com as interdições da Av. Brasil o tempo inteiro com a construção de um modal que não é adequado e que, nesse caso, é concorrente com o trem”, analisa.

Bilhete único

Tarcísio sugere que seja investigado, antes da inauguração das calhas previstas para dezembro, qual é o planejamento de impacto sobre o trânsito nas faixas de implantação dos corredores. “Quando o BRS estiver funcionando, o impacto será menor porque a segregação não é total e os ônibus continuarão a vir da Baixada Fluminense direto para o Rio”, detalha. Para o vereador, o nó na operação será no transbordo, quando os terminais das Margaridas e das Missões ficarem prontos. Nesses pontos o passageiro terá de desembarcar para pegar o BRT e depois outro ônibus para o Centro. “O problema maior será quando os ônibus vindos da Baixada Fluminense tiverem de parar nas rodoviárias, no final das rodovias Washington Luiz e Presidente Dutra e os passageiros fizerem as baldeações.”

O vereador disse ainda que não foi discutido como será cobrada a tarifa, que vai englobar três passagens: a do ônibus intermunicipal, a do BRT e a do terceiro ônibus que levará o passageiro até o Centro. “O Transbrasil cria a terceira perna do Bilhete Único, que não está no planejamento e que hoje não existe. Para ele, não é possível o Transbrasil funcionar sem a terceira perna porque as pessoas não terão como fazer o transbordo. Os passageiros vão desembarcar nos terminais e precisar fazer outras duas baldeações para chegar aos seus locais de trabalho. Qual é o planejamento de custo para isso? Não existe”,  afirma.

Plano Operacional ainda não está pronto

A dois meses da inauguração do BRT Transbrasil, o site Estação Rio procurou a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) para saber em que fase está a elaboração do plano operacional do corredor. Segundo os técnicos, esse planejamento indicará, por exemplo, a demanda de ônibus, quantas estações serão construídas, o valor da tarifa e de como será feita a integração.

Por meio de nota, o órgão esclareceu que “o projeto básico foi desenvolvido por técnicos da SMTR, tendo sido discutido e aperfeiçoado em conjunto com a Secretaria Municipal de Fazenda, visando dar o caráter de Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI)”.  Segundo a nota, “tal procedimento se mostra atrativo à Administração, pois, tendo em vista as contingências econômico-financeiras atuais, será oportuna qualquer participação em parceria que venha a aliviar o orçamento municipal e possa prover benefícios ao cidadão carioca”, destaca.

Ainda sobre o PMI, a Secretaria informou que o documento “incluirá, também, o desenvolvimento do Plano Operacional do Corredor Transbrasil, de fundamental importância para a mobilidade do Grande Rio e que, portanto, se diferencia dos demais corredores BRT por permitir a integração do transporte intermunicipal com os municípios da Baixada Fluminense e do leste da Baía de Guanabara”.

De acordo com a nota, “as diretrizes do Plano Operacional são de autoria dos técnicos da SMTR, que supervisionarão o desenvolvimento e detalhamento de tal documento técnico”.

Sobre a contratação e prazo para a conclusão do planejamento, a SMTR respondeu que “o Plano Operacional será realizado por licitação ou por captação através do PMI, e poderá lançar mão de dados e informações gerenciais de transportes provenientes do BRT. Em face do adiantado cronograma de implantação, espera-se que o estudo esteja disponível a tempo do encerramento da obra, de forma a viabilizar o melhor funcionamento do corredor”, conclui.

Foto: CMRJ/ Renan Olaz

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