Editorial: Rio precisará de transportes depois da pandemia

Denise de Almeida, editora do Estação Rio

Os representantes do setor de transportes dizem que a queda no número de usuários reduziu a receita das concessionárias, que, por sua vez, dizem que não conseguem manter trens, ônibus e BRTs circulando, com intervalos regulares, sem aglomerações e sem passageiros viajando em pé. Se quebrarem na crise, quando acabar a quarentena, o trabalhador não vai ter transporte que o leve até o seu emprego.

A situação é preocupante. Conforme o site Estação Rio vem noticiando, o setor sofre a concorrência desleal das milícias, e o BRT têm a frota sucateada com as péssimas condições das pistas.

Na semana passada, o Rio ônibus, sindicato das empresas do setor, alertou que, se não recebesse subsídios para pagar o salário de 26 mil rodoviários do município do Rio, incluindo o BRT, teria de parar. O sindicato já havia recorrido ao rodízio de rodoviários e redução de salários.

Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) solicitou audiência ao governador do estado, para apresentação de propostas, que impeçam o colapso do sistema de ônibus no estado. Com as restrições, há empresas no estado do Rio que estão operando com 10% a 15% de sua capacidade e, algumas, que têm linhas para a capital, estão totalmente paralisadas. A circulação dos coletivos de Niterói foi parcialmente ser suspensa. Outros modais também são afetados. A SuperVia, com 2,5 mil funcionários, disse que o faturamento caiu 75% desde o começo da quarentena no Rio.

Se as empresas de transporte forem à falência durante a pandemia, além de aprofundar a tragédia social, com o aumento do desemprego no estado, haverá sérios impactos na mobilidade urbana. E quando a crise provocada pelo coronavírus passar, o sistema de ônibus, principalmente, poderá estar tão combalido que não haverá como se recompor a curto ou médio prazo, e os 7,46 milhões de passageiros que o sistema transporta por dia, no estado, ficarão impossibilitados de se locomover.

Ninguém discute que as medidas são indispensáveis para barrar o avanço da Covid-19 e salvar milhares de vidas, mas, as autoridades precisam estar atentas para que a mobilidade urbana no estado não seja mais um problema para a recuperação dos prejuízos causados pela pandemia.  

É preciso que sejam articuladas ações urgentes para que a população não fique sem um serviço vital para a economia, depois de acabada a quarentena. Em meio à pandemia, o governador Wilson Witzel tem mais um desafio  que é o de implementar medidas para amparar o setor de transportes, que emprega milhares de trabalhadores.

Desde que as restrições para conter o coronavírus foram adotadas, os meios de transporte do estado do Rio sofreram uma queda na movimentação de passageiros. A Supervia observou redução acumulada de mais de 3 milhões de usuários, cerca 70%. O Rio Ônibus informou queda de 72,6% no volume de pessoas transportadas por dia e o BRT, 65%. Já a CCR Barcas informou a diminuição de 75% na demanda e, no metrô, o fluxo de passageiros, que é de 880 mil pessoas por dia, caiu 86%. 

A saída para evitar esse colapso pode estar no BNDES. Ontem, o banco anunciou que vai aportar capital em empresas que entraram em dificuldades a partir da pandemia do novo coronavírus. O primeiro segmento beneficiado será o de empresas aéreas. O socorro deveria ser extendido ao setor de transporte urbano – tão afetado pela crise quanto as empresas de aviação, e que ainda atende a um número infinitamente maior de cidadãos. Depois da pandemia, o Rio não pode parar.

Foto: Reprodução de TV

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