Fim da concessão da BR-040 pode prejudicar socorro aos motoristas

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) poderá assumir, em março, a gestão do trecho da BR-040, entre Juiz de Fora e Rio de Janeiro, atualmente administrada pela Concer. A possibilidade de mudança na gestão da estrada traz a reboque alguns motivos de preocupação para os motoristas, a começar pelo fato de que a reestatização não prevê o atendimento aos acidentados nos moldes realizados atualmente pela concessionária.

Em declarações recentes, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, informou que tal demanda ficaria a cargo do Samu, em eventual parceria com o estado do Rio de Janeiro.


A Concer acredita que ações que cobram vários pleitos de reequilíbrio contratual podem levar a justiça a prorrogar o prazo da concessão.

O presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), deputado Dionísio Lins (PP), criticou a interrupção da assistência médica e mecânica realizada pela concessionária. “É complicado que de uma hora para outra o serviço deixe de existir. É preciso que haja um mínimo de planejamento para que usuários e os moradores ao redor da via não sejam prejudicados”, detalha Dionísio Lins.

O parlamentar destaca ainda o risco de sobrecarga do Samu, que será obrigado a fazer a cobertura da rodovia, em plena segunda onda da Covid-19. “Apesar da competência dos profissionais que atuam no Corpo de Bombeiros e no Sistema Único de Saúde, creio que esse remanejamento irá desfalcar as unidades na capital”, argumenta o presidente da Comissão diante do contexto de pandemia. Ou seja: o cobertor é curto. Quem vai suprir a ausência dos agentes públicos que serão deslocados de suas funções para prestar os serviços oferecidos pela Concer?

O trecho administrado pela concessionária começa em Juiz de Fora, seguindo por Matias Barbosa e Simão Pereira, em Minas Gerais, e prosseguindo, no Rio de Janeiro, pelos municípios Comendador Levy Gasparian, Três Rios, Areal, Petrópolis e Duque de Caxias, até chegar à capital fluminense. Para se ter uma ideia do volume de acidentes, no ano passado, só na região de Petrópolis e Três Rios, a Concer atendeu 1.867 ocorrências.


Chuvas aumentam os riscos
O DNIT assumirá a rodovia em março, no auge das chuvas na região, quando os deslizamentos e quedas de árvores são constantes. Nesse período, a assistência mecânica ou médica é imprescindível para os motoristas que circulam pela via. O deputado estadual Marcus Vinicius (PTB), que trafega diariamente pela BR-040, avalia que o DNIT não terá condições de prestar assistência em caso de acidentes e no reboque de veículos com a mesma rapidez que a Concer.

“Nesse momento de pandemia, os bombeiros, hospitais e Samu não terão capacidade para ainda socorrer os acidentados na rodovia inteira, principalmente no trecho da Serra de Petrópolis, onde mais temos acidentes, com mais intensidade ainda quando chove”, comenta Marcus Vinícius.
O parlamentar afirma que a reestatização poderia piorar a situação da BR-040. “Toda a malha federal se encontra sucateada e os serviços não são os mesmos, além de serem menos ágeis e eficazes que os serviços prestados pela iniciativa privada”, argumenta o deputado.

Foto: divulgação

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