Tudo corre bem nos transportes do Rio, menos o Jaé

A implantação do novo sistema de bilhetagem digital da Prefeitura, iniciada na gestão anterior de Eduardo Paes, permanece sem solução. Entretanto, apesar dos percalços com o cartão Jaé – adiamentos, reviravoltas jurídicas e técnicas – é impossível negar que Paes não melhorou diversos aspectos dos transportes municipais, no seu último mandato.

Quando Paes assumiu a gestão em 2021 o transporte público por ônibus e o sistema BRT estavam destruídos. Estações dos corredores Transoeste, Transcarioca e Transolímpica estavam depredadas e ocupadas por sem-teto. As pistas exclusivas do BRT estavam esburacadas e remendadas, o que reduzia a vida útil dos veículos. Os articulados rodavam superlotados, sem climatização, com as portas abertas, colocando em risco a vida dos passageiros. As obras do corredor TransBrasil se arrastavam, sem prazo para conclusão.

Nas linhas de ônibus regulares, a situação não era diferente. Com a pandemia e a queda no número de passageiros, o sistema não se sustentava. As empresas entravam em recuperação judicial, linhas eram extintas e os intervalos entre os coletivos eram incertos. Só para citar os maiores problemas.

Por fim, depois de muita negociação, foi firmado um acordo entre a Prefeitura, as empresas e o Ministério Público para o pagamento de subsídio pela quilometragem percorrida pelos ônibus. No ano passado, foi repassado às empresas R$ 1,3 bilhão em subsídio.

No BRT, as estações foram modernizadas e as pistas foram recuperadas. Hoje o sistema opera com ônibus novos. A inauguração do Terminal Intermodal Gentileza e do corredor TransBrasil são marcos da nova fase dos transportes no Rio.

Na atual gestão, o prefeito tem planos ambiciosos para mobilidade urbana, que incluem a transição do BRT para o VLT a partir do Transcarioca e do Transoeste e a criação do BRT Metropolitano, para integrar o transporte intermunicipal ao sistema a partir dos terminais ao longo da Avenida Brasil e de sua conexão com os municípios da Região Metropolitana. Além da eletrificação da frota e uma nova licitação das linhas regulares.

Tudo corre bem e dentro do previsto. Menos a bilhetagem. O tempo perdido com o Jaé é uma mancha nos planos de Paes. A bilhetagem exclusiva precisa de um tempo e precisa de um tempo razoável para ter um desfecho favorável. É o tempo que o prefeito precisa para concretizar todas as promessas de um transporte público eficiente, pontual e confortável para a população. A mudança do Jaé é uma medida a ser feita com parcimônia e uma cronologia que não incorra em novos atrasos. Talvez seja mais seguro que deixe a bilhetagem como está, até o futuro sistema se tornar inteiramente adequado para sua implementação. Essa última hipótese parece ser a mais segura para que Paes perdure fazendo um bom trabalho sem ser atropelado pela repetitiva intercorrência.

Editorial Estação Rio

Foto: divulgação

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