Secretária de Transportes do Rio transforma bilhetagem do Jaé em caixa-preta

Em evento do Fórum de Mobilidade Urbana do RJ, no Clube de Engenharia (04/02), a secretária de Transportes do Rio, Maína Celidonio, lavou as mãos em relação ao futuro operador do Jaé na bilhetagem do Rio de Janeiro. Maína está perdida em meio às alternativas para a nova administração do Jaé. E o que é pior, não existe transparência nenhuma no processo.

Por um lado, a secretária defende a manutenção do atual contrato com o Consórcio Bilhete Digital (vencedor da licitação), apesar de todas as dificuldades de pagamento da outorga, incumprimentos, dúvidas sobre sua capacidade técnica e questionamentos junto a órgãos de controle.

Por outro lado, Maína escorrega quando se trata da Autopass, a última colocada no certame. Ignora problemas graves com a Justiça de São Paulo devido a sua contratação sem licitação. “Isso é um problema de São Paulo”, disse a secretária. É no mínimo curioso. Estamos vendo algo extravagante ocorrendo na Prefeitura do Rio de Janeiro: a Autopass poderá assumir uma operação de bilhetagem sendo perdedora da licitação. Vale ressaltar um fato ainda mais curioso: quem anunciou formalmente o interesse da Autopass foi o próprio prefeito Eduardo Paes.

Não bastasse a latente demonstração de preferência, fontes afirmam que a secretária de Transportes do Rio manteve contatos com representantes da Autopass em São Paulo na semana passada. Porém, consta na agenda pública de Maína Celidonio compromissos na capital paulista, na quarta-feira (29/01), apenas reuniões com a empresa pública São Paulo Transporte S/A (SPTrans), o Grupo CCR e a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP). A viagem a São Paulo e as possíveis conversas com a Autopass causam estranheza diante do atual contexto. Tudo é muito estranho.

Com relação à segunda colocada, Tacom Projetos, a secretária disse que essa é uma questão do setor privado. Segundo ela, a empresa “perdeu” e não há mais como ser convocada. “A não ser que a Tacom compre o CBD”, ironizou Maína. Se esqueceu no entanto que quem autoriza é a Prefeitura e que esta autorização só poderia ser dada se o processo estivesse 100% correto com a atual operadora.

A julgar pelas respostas da secretária dos Transportes, parece que há uma preferência da Prefeitura por duas empresas com problemas de ordem jurídica, financeira e operacional: a Bilhete Digital e a Autopass. Mais uma vez será a população a pagar a conta de atrasos e incumprimentos.

Juristas consultados pelo Estação Rio consideraram bizarra uma operação societária que desloca o 4º lugar da licitação para assumir integralmente uma concessão pública. Segundo uma das fontes, “trata-se de um caso de rejeição do princípio da moralidade que consta na Lei de Licitações”. Em síntese, o alcaide pisou na Lei.

Foto: Divulgação

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