Transporte público eficiente melhora qualidade de vida

Uma pesquisa da Coppe/UFRJ, do ano passado, mostra que a mobilidade urbana precária afeta negativamente a qualidade de vida da população. Do total dos participantes do estudo, 73% responderam que sentem algum tipo de mudança negativa no seu bem-estar físico e mental nos deslocamentos, devido, principalmente, aos congestionamentos.

As medidas para melhorar a mobilidade foram discutidas na 10ª edição do Seminário Cidades Verdes com o tema “As cidades precisam oferecer qualidade de vida a seus cidadãos”. O evento ocorreu na quarta-feira (10/9) e quinta-feira (11/9) no auditório da Firjan, no Centro do Rio, e foi promovido pelo Instituto Onda Azul em parceria com a Semove, Federação das Empresas de Ônibus do Estado do Rio.

Para a diretora de Mobilidade Urbana, da Semove, Richele Cabral, é preciso melhorar a malha urbana dos bairros para permitir um deslocamento sustentável. “É um combo que faz com que o transporte seja melhorado. Por exemplo, a priorização do transporte público, investimento em pavimentação, iluminação, segurança, pistas exclusivas para ônibus, requalificação dos pontos de parada, gestão da operação, mais oferta, tecnologia de pagamento e políticas tarifárias”, enumera Richele.

A diretora executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), Clarisse Linke levou para o debate a opinião de 32 mulheres moradoras da Baixada Fluminense e das zonas Norte e Oeste sobre o transporte público. “Elas comentaram que o deslocamento diário é cansativo, um caos, caro, quente, estressante, e acrescentaram que de positivo não tem nada”. Clarice destacou a crescente opção pelas motos por aplicativo pelo baixo custo, rapidez e segurança. Para melhorar é preciso previsibilidade dos intervalos, renovação da frota, ar-condicionado nos veículos, e integração dos modos, levando-se em conta toda a Região Metropolitana.

A coordenadora do Laboratório de Transporte Sustentável da Coppe/UFRJ, Andrea Santos, alertou que os eventos climáticos intensos estão cada vez mais intensos e frequentes. Segundo a coordenadora, o transporte deve ser de baixo carbono e as cidades devem ter mais áreas verdes.  O engenheiro e ex-dirigente da ANA, Aneel, Light, Enersul e Sabesp, Jerson Kelman, elogiou o BRT e destacou que as pistas preferenciais para ônibus melhoram a fluidez do tráfego.

Biogás, um dos caminhos para a descarbonização dos transportes

A descarbonização foi discutida no segundo dia de evento com o tema “Precisamos falar sobre a necessidade de petróleo”. O gerente de Planejamento e Controle da Semove, Guilherme Wilson ressaltou que o Brasil tem 47% de sua matriz energética total renovável. “É disparado, talvez, o país com a melhor matriz energética do planeta. O mundo está em 14%, o restante é fóssil”.

Guilherme Wilson aponta que um dos caminhos para a descarbonização é o biogás. “O Brasil tem tanto biogás para aproveitar que, segundo a Associação Brasileira de Biogás, nós poderíamos substituir 70% do diesel total do país, pelo combustível renovável”. Ele afirma que a vocação energética do Brasil passa pelo biocombustível, etanol, biodiesel, HVO e biometano e descarta a eletrificação pelo alto custo. “A eletrificação da frota do Brasil custaria R$ 450 bilhões a cada 10 anos”, acrescenta.

O gerente da Semove explica que os ônibus a diesel no Brasil estão na geração Euro 6. Comparados aos veículos que rodavam nas primeiras gerações, este reduz 98% das emissões de poluentes locais, que são os que fazem mal à saúde pública. “Trocar um veículo desses por um veículo elétrico é tocar em 2% do problema a um custo alto”, argumenta.

De acordo com a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte, em 2017, 45% das pessoas andavam de transporte público. Hoje são 30%. No Rio, em10 anos, os ônibus reduziram 52% das emissões de CO2, parte por causa da tecnologia Euro 6 parte por causa da queda no número de passageiros. Entretanto, os veículos de passeio estão emitindo oito vezes mais. “Temos problemas de poluição nas cidades, sim, mas devido ao transporte individual e de carga”, disse.

Debates sobre o futuro das cidades

No dia 11, debatendo ao lado de Guilherme Wilson estavam Gabriel Krospch, do Sinegás e da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), e Rafael Almada, reitor do Instituto Federal do Rio de Janeiro e vice-presidente do Conselho Federal de Química. Antes, às 10h, o debate foi sobre o tema “A melhor fonte de energia para as cidades”, e na parte da tarde, às 14h15, “O papel da sociedade civil e o chamado à ação”, e às 15h45, “Avanço tecnológico e novas soluções sustentáveis”.

Ainda no dia 10, outras três mesas debateram os temas: “Projeto Guanabara Azul e a visão para o desenvolvimento da Economia Azul Sustentável no Estado do Rio de Janeiro”, às 10h20; “Verde e azul precisam andar junto para se criar uma sociedade resiliente e sustentável”, às 11h45, e “As cidades azuis e seus desafios”, às 16h.

Foto:  Divulgação

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