Caos na volta para casa depois da Operação no Alemão e na Penha
O horário de pico foi antecipado em quatro horas, nesta terça-feira (28/10), por causa da operação no Complexo do Alemão e na Penha. Na ação policial mais letal da história do Rio, da qual participaram 2,5 mil agentes, 60 suspeitos e quatro policiais morreram, 81 suspeitos foram presos e 93 fuzis foram apreendidos.
Em retaliação, bandidos fecharam várias vias em diferentes pontos da cidade, provocando um nó no trânsito. Entre eles, a Linha Amarela, Linha Vermelha, Avenida Brasil, Avenida Marechal Rondon, Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, Rua Dias da Cruz, além de vias da Cidade de Deus, Chapadão, Engenho da Rainha, Complexo do Alemão e Penha.
Depois das interdições, a cidade entrou, às 13h48, no estágio 2 de risco, na tabela adotada pelo Centro de Operações Rio. Este nível de atenção é atingido quando “há risco de ocorrência de alto impacto”, de um total de cinco estágios.
O comércio, instituições de ensino e serviços fecharam as portas e as pessoas tentavam voltar para a casa como podiam. Segundo o Rio Ônibus, Sindicato das empresas de ônibus, 204 linhas tiveram os itinerários afetados pela violência, 71 ônibus foram sequestrados e usados como barricadas. Por causa da escassez dos ônibus, as estações do metrô, trens e barcas ficaram lotadas. Os intervalos foram reduzidos para atender à demanda. De acordo com a MOBI-Rio, os corredores Transbrasil e Transcarioca do BRT, além dos serviços de conexão do BRT, tiveram impactos nas pelas ocorrências. Por causa dos bloqueios, muitas pessoas tiveram que caminhar longas distâncias a pé. A situação se normalizou por volta das 19h.
Entidades cobram transparência e criticam operação
Em nota conjunta, Anistia Internacional Brasil, Justiça Global, CESeC, Conectas Direitos Humanos e outras mais de 20 organizações afirmaram que a operação representa “o fracasso e a violência estrutural da política de segurança do estado”. As entidades criticaram o padrão de letalidade das forças policiais e destacaram que o governador Cláudio Castro é responsável por quatro das cinco operações mais mortais da história do Rio. Segundo o documento, as ações do governo violam princípios internacionais sobre o uso da força, como legalidade, proporcionalidade e responsabilidade, e mantêm uma lógica de “guerra às drogas” que recai sobre as populações negras e empobrecidas.
ONU se diz ‘horrorizada’ com operação no Rio e cobra investigação rápida
O Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU publicou, nesta terça-feira (28/10), uma mensagem na rede social X, condenando a operação policial no Complexo do Alemão e da Penha.
“Estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que supostamente já resultou na morte de mais de 60 pessoas, incluindo 4 policiais”, diz o texto.
“Esta operação mortal reforça a tendência de consequências letais extremas das operações policiais nas comunidades marginalizadas do Brasil. Lembramos às autoridades suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos e pedimos investigações rápidas e eficazes”, afirma a nota.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.
