Luto pelo Rio

O Portal Estação Rio se sente na obrigação de se manifestar frente aos últimos acontecimentos que tornaram a cidade uma praça de guerra, na qual a palavra segurança é uma expressão vazia, oca e sem nenhum significado real.

Não cabem tergiversações, somos todos vítimas. Prioritariamente os cidadãos do Rio, que quando não são mortos diretamente ou através de balas perdidas, vivem o medo diário na sua locomoção.

O transporte urbano também sofre com essa batalha que parece não ter fim. Os congestionamentos criminosos das ruas da cidade ultrapassam os limites de todas as metrópoles do Brasil. Os ônibus são os mais prejudicados, devido ao maior número de veículos e sua ampla circulação em toda a cidade. Essas características o tornam o modal preferido para o uso na formação de barreiras e sequestros.

Segundo a última contabilidade mais de 103 ônibus foram incendiados e usados como barricadas. O ônibus é o modal mais democrático da cidade devido a grande capilaridade e característica de democratizar o transporte urbano. Por isso o impedimento do seu funcionamento é inaceitável.

Para o mundo, pelo menos ontem, o Rio se tornou um simulacro da Faixa de Gaza,  enfileirando cadáveres pelas ruas. Nos 196 países do planeta foram feitas, em um único dia, mais de 2.700 menções ao morticínio ocorrido na “cidade maravilhosa”. As vésperas da COP 30 deixamos a ONU “horrorizada”, conforme nota oficial do seu Comitê de Direitos Humanos. O Brasil se tornou um país assassino quase no raiar de uma Conferência voltada para discutir as ações que podem melhorar a vida da humanidade.

A gravidade desses atos mancha a própria Constituição, que garante ao cidadão o direito de e ir vir. Idosos, crianças, trabalhadores, doentes, feridos pela guerra que a contravenção mantém acesa , estão todos em um cárcere da imobilidade promovida pela criminalidade estrutural da cidade.

O Estação Rio confirmou que as empresas de ônibus estão realizando os maiores esforços possíveis para reduzir o drama da população, colocando mais ônibus nas ruas, permitindo o acesso dos cariocas aos destinos desejados conforme o seu livre arbítrio. Os demais modos estão igualmente cooperando, não obstante seu menor protagonismo no transporte urbano.

Mas isso é um grão de areia frente as decisões enérgicas que precisam ser tomadas para libertar o Rio do jugo do crime. Na ausência de um apoio federal sem precedente, continuaremos reféns dos meliantes que tomaram a cidade.

O governador do estado encontra-se isolado sem o apoio necessário para um embate desigual entre um contingente policial obrigado a enfrentar uma guerras de trincheira, com um singular componente psicológico: as comunidades, por medo ou cooptação, tornam-se aliadas das facções criminosas.

Sob esse aspecto não seria exagero dizer que o governador, assim como seus antecessores, tem se comportado da maneira possível frente aos parcos recursos obtidos para curar o tumor mais necrosado do país.

Essa guerra tem que acabar, sob pena do Rio tornar-se um pária na Federação, exportando criminosos e derramando o sangue de inocentes por todos os lugares da cidade.

Editorial Estação Rio

Foto: Reprodução da internet.

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