Secretário de Transporte quer ampliar trajeto do Bonde de Santa Teresa

O secretário estadual Rodrigo Vieira, disse nesta quarta-feira, (11/4) que tem o objetivo de retomar o trajeto original do Bonde de Santa Teresa. “Há três trechos possíveis em direção à Vista Alegre, ao Castelo Valentim, que estão sendo detalhados e já solicitamos inclusive ao governo federal recursos necessários para finalizar a implantação do sistema levando até os Dois Irmãos”, explicou Vieira, durante a audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes.

O presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Paulo Saad, rebateu as declarações do secretário. Saad disse que não contemplar recursos no orçamento para finalizar as obras de expansão do bonde é uma decisão política. De acordo com ele, o sistema atual é precário, tem uma jornada diária pequena e um trecho limitadíssimo.

O presidente da Amast  explicou ainda que hoje o sistema de bondes atende menos de 1/4 do que o bairro necessita. Segundo Saad, só 2.776 moradores estão cadastrados para utilizar gratuitamente o transporte, enquanto há 40 mil domicílios em Santa Teresa, sem contar com as comunidades ao redor. Para ele, esses números comprovam que o atual sistema não atende às necessidades da população do bairro. “No dia a dia de trabalho ninguém pode esperar um intervalo de no mínimo 15 minutos para se deslocar e o trecho de operação do bonde ainda é muito curto”, criticou.

Mudanças na operação do sistema

A tarifa implantada em 2016 é de R$ 20, ida e volta, e os moradores do bairro, previamente cadastrados, não pagam. Estudantes da rede pública uniformizados e com o cartão escolar, pessoas acima de 65 anos e portadores do Vale Social também têm acesso gratuito. A lotação de cada bonde é de, no máximo, 32 passageiros. Não é permitido viajar em pé, nem nos estribos, que no modelo do novo da composição são retráteis e acionáveis no momento de parada.

O Bonde de Santa Teresa, uma das atrações turísticas mais charmosas da cidade, voltou a funcionar em 2015, com várias mudanças. Segundo Rodrigo Vieira, de um ano para outro, o sistema ampliou em 40% o volume de passageiros transportados. “Nos últimos 15 meses chegamos a transportar 300 mil pessoas no bairro, sendo 25% gratuitas”, destacou.

Segundo Rodrigo Vieira, os recursos obtidos com a cobrança das passagens possibilitaram a ampliação do percurso até a Praça Odylo Costa Neto. Para isso, está sendo realizada a instalação da rede aérea no trecho entre o Largo dos Guimarães e o local. Além da ampliação do trajeto foram feitas intervenções na Estação Carioca, incluindo obras nos banheiros e pintura completa, e adquiridas ferramentas e equipamentos de manutenção. Os dormentes no trecho dos Arcos da Lapa foram trocados e todas as luminárias históricas dessa extensão foram restauradas, conforme determinam o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

Acidente tirou o bonde de circulação

No dia 27 de agosto de 2011, um acidente que deixou seis mortos e 56 feridos, entre estes turistas franceses, americanos e portugueses, tirou de circulação o principal sistema de transporte público do bairro. Uma falha no sistema de freios fez o bonde, que seguia para a Lapa, bater num poste, na Rua Joaquim Murtinho, e tombar. O laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) apontou diversos problemas de manutenção: falta de conservação dos cilindros, desgaste do compressor e uso de peças remendadas.

Depois de quatro anos, em julho de 2015, os bondes voltaram a transportar passageiros, mas apenas num trecho de 1,7 km, entre os largos da Carioca e do Curvelo, 16% do percurso original de 10 quilômetros. Na fase de testes não foi cobrada tarifa.

Os bondes de Santa Teresa começaram a circular em 1896. Saíam da esquina da Avenida Gomes Freire com Rua do Riachuelo (chamado de Ponto Cem Réis) e seguiam até ao Largo dos Guimarães e à Avenida Almirante Alexandrino. A partir de 1968, os bondes deixaram as ruas do Rio e ficaram apenas em Santa Teresa. O sistema no bairro chegou a ter 35 bondes em operação, alguns contando com reboques.

O crédito da foto é de Henrique Freire/Setrans.

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