Os desafios para melhorar a mobilidade no Rio de Janeiro
O deslocamento em grandes cidades, como o Rio, é um desafio para a população, que convive com a precariedade dos transportes públicos, o alto custo das passagens e a insegurança. As consequências da mobilidade urbana ineficiente são os congestionamentos do tráfego, menos qualidade de vida e mais tempo gasto no trânsito e poluição do ar.
As soluções para esse impasse, segundo o professor da Escola Politécnica da UFRJ, Giovani Manso Ávila, são o cumprimento dos contratos, fiscalização, a integração dos modais, o uso de novas tecnologias e o estabelecimento de tarifas adequadas aos custos. “O pressuposto é a perfeita integração e comprometimento dos órgãos reguladores do estado, nas três esferas – municipal, estadual e federal – com os operadores, concessionárias, permissionários e autorizados”, explica o doutor em Engenharia de Transportes.
Para o engenheiro, não existe administração sem controle efetivo. “O esforço legal, fiscalização e punição são ações que devem estar sempre presentes por parte do estado”, ressalta. Ávila destaca também a importância da integração dos modais, para a eficiência do sistema. “Esta deve ser uma premissa básica da engenharia ao planejar, projetar e construir”, comenta o professor.
Na opinião de Ávila, caberia ao estado, operadores e planejadores a análise e proposição de um sistema tarifário integrado, capaz de remunerar as empresas, conforme o contrato, manter a saúde financeira dos projetos e prover a qualidade do serviço. “Neste último ponto, estão incluídas todas as variáveis que contemplam o nível de serviço percebido pelo usuário: frequência, pontualidade, conforto, segurança, qualidade e eficiência dos terminais e do atendimento ao público”, justifica.
Para melhorar a pontualidade e a segurança dos serviços, o professor sugere a criação de aplicativos em rede, que levem em conta as necessidades individuais dos passageiros: “O sistema deve integrar operadoras de transporte, estado e usuários, provendo informações on-line sobre posicionamento de veículos, frequência, ocupação, conforto e possibilidades de integração com outros modais”. Ao mesmo tempo, o monitoramento em tempo real do interior dos veículos e terminais e a possibilidade de interação do usuário com o sistema poderiam eliminar boa parte das causas da insegurança. “Já a segurança relativa ao tráfego depende basicamente de um sistema com boa manutenção e operação”, completa.
Benefícios da mobilidade eficiente
Com informação integrada, o usuário se programaria melhor para utilizar o sistema e teria o serviço que foi previsto. Os subsistemas estariam coordenados, o que diminuiria o tempo de transbordo, conexões. Poderiam ser oferecidos vários serviços de conexões, de acordo com as necessidades e capacidade de pagamento dos passageiros.
Ao se operar com mais eficiência, de forma integrada, baixam-se naturalmente os custos e, consequentemente, as tarifas. Sistemas com uma boa manutenção e com idade da frota adequada também influem nos custos, o que se reflete também nos preços das passagens. “O transporte público bem planejado, atento às novas tecnologias, projetado, construído e operado com fiscalização e controle efetivo do estado , é o que melhor atende uma cidade como o Rio”, conclui, Ávila.
Foto: Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas