Obras da linha 4 do metrô sem previsão para a retomada

As obras da linha 4 do metrô estão paralisadas por decisão judicial e não têm previsão para serem retomadas. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) ajuizou uma ação proibindo o governo de empenhar, liquidar ou pagar novos créditos à concessionária Rio Barra, para o reinício das obras da Estação Gávea. O órgão investiga se, mesmo após a suspensão das obras, foram realizados três pagamentos que superam R$ 1,6 milhão no contrato de prestação de serviços de apoio no gerenciamento, fiscalização e supervisão de obras de infraestrutura metroviária.

Para a presidente da Riotrilhos, Tatiana Vaz Carius, o trecho é importante pelo volume de passageiros que transportaria, estimado em 20 mil pessoas por dia. “Estamos apresentando os respectivos esclarecimentos e nos colocamos à disposição dos órgãos de controle para avançar nessa matéria”, afirmou Tatiana.

Em 2016, a obra já havia sido parada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). O relatório preliminar do órgão concluiu que houve um superfaturamento de R$ 3 bilhões. Segundo Tatiana, esclarecimentos foram feitos e o TCE está gerando um novo relatório com o contraditório. “Em janeiro deste ano o tribunal decidiu revogar a medida cautelar, aprovada pelo próprio órgão, que proibia o repasse às empresas que formam o consórcio, mas o MPRJ ajuizou a ação e a obra continua parada, penalizando a população”, lamentou Tatiana.

Os gastos com a Linha 4 também são alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj). Integrantes da Comissão estiveram no canteiro de obras da Gávea, no mês passado, para avaliar possíveis prejuízos. O presidente da CPI, deputado Eliomar Coelho (PSOL), o vice-presidente, deputado Gilberto Palmares (PT) e o deputado Nivaldo Mulim (PR) pediram aos representantes do governo que o material enviado ao TCE seja encaminhado para a Comissão. “Vamos analisar esses documentos e fazer apontamentos para que a retomada dessa obra possa acontecer. Essa paralisação não traz somente perdas financeiras, mas também riscos”, disse Palmares.

Enquanto os trabalhos não recomeçam, o imenso buraco originado das obras da estação Gávea teve de ser inundado por medida de precaução para afastar a possibilidade de danos estruturais em prédios do entorno, inclusive o da PUC. Eliomar Coelho lembrou que as obras da linha 4 do metrô, com seis estações previstas, foram polêmicas. “Essa obra foi a mais escandalosa da história do Rio de Janeiro. Custou mais de 10 bilhões de reais e foi inaugurada sem a estação Gávea. São várias as denúncias, inclusive confissões de servidores do governo sobre corrupção na obra. Descartaram o traçado original, que atenderia muito melhor à população do estado, e fizeram esse puxadinho apenas para atender aos interesses das Olimpíadas e encher o bolso de algumas pessoas”, destacou o deputado. A estação já tem 42% dos serviços de escavação concluídos, e falta 1,2 quilômetro de túnel a perfurar entre o Alto Leblon e a Gávea. No local já foram gastos R$ 934 milhões.

Foto: Alerj/Divulgação

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