Empresas de ônibus sofrem os reflexos da crise econômica do estado
O sistema de transporte por ônibus no Rio enfrenta uma grave crise, que já levou à falência dez empresas, no período de 2015 a 2018. A situação foi agravada com a instabilidade econômica do estado, que aumentou o desemprego, reduziu o número de passageiros e gerou queda na receita das empresas. Isso sem mencionar os atos de vandalismo, com o incêndio de 182 veículos, só este ano.
Atualmente, segundo números divulgados na 16ª edição do Congresso de Pesquisa e Ensino em Engenharia de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, promovido pela Coppe/UFRJ, cerca de 2 milhões de pessoas deixaram de utilizar os ônibus nos seus deslocamentos diários em todo o estado, de 2016 a 2018. Os coletivos que até 2015 transportavam 9 milhões de passageiros por dia agora levam 7 milhões, representando uma queda de até 22% no total de usuários transportados diariamente.
A queda de investimentos por parte do governo estadual também afeta o setor. Dados levantados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostram que, em 2017, o governo investiu 1,59% em mobilidade urbana. Já de 2014 a 2016, época da preparação para a Copa do Mundo e Olimpíadas, foram gastos 6,02% do orçamento do estado na melhoria dos transportes. Entretanto, mesmo com o aumento dos recursos de 2014 a 2016, as condições dos deslocamentos pioraram para as pessoas que têm renda mais baixa e moram nos bairros periféricos. Ressalte-se que o transporte por ônibus no Rio, mesmo com todos esses problemas estruturais, é penalizado com a menor concessão de subsídios de todo o Brasil. É como se desejasse que o custo desse modal fosse mais caro para os passageiros carioca e fluminense.
A falta de integração entre os modais, um dos problemas cruciais para reduzir custos e o tempo de viagens, ainda não foi resolvido. O Poder Público continua a ver o sistema de forma independente, em que cada operador – metrô, trens, ônibus, BRT, VLT e barcas – trabalha separadamente. É preciso entender que os ônibus são o modal fundamental à mobilidade urbana, quer seja pela otimização do espaço do veículo, sua utilização democrática, seu potencial de hub entre todos os demais modais, sua capacidade de substituição do uso dos automóveis no espaço público – menor poluição -, além de serem um setor de geração de empregos expressiva.
Para a engenheira de Transportes Eva Vider a saída é mudar o modelo de política tarifária e a remuneração dos serviços. Segundo a professora da Escola Politécnica da UFRJ, é necessária a revisão da estrutura física e operacional, da integração, acessibilidade e interoperabilidade do sistema. “Tudo isso sustentado por um modelo justo de política tarifária e remuneração dos serviços, no qual as pessoas e o meio ambiente sejam a base da mobilidade urbana”, concluiu Eva Vider.
Foto: Prefeitura/Divulgação
Denise de Almeida
Editora do Estação Rio