Tiros provocam 40 interrupções na operação dos trens
Por duas vezes nesta semana, tiroteios interromperam a circulação de trens em Senador Camará (ramal Santra Cruz). Nesta quinta-feira (11/07), um confronto entre PMs e traficantes terminou com dois suspeitos mortos e, na última terça-feira (09/07), uma troca de tiros próxima aos trilhos obrigou os passageiros a se abaixarem nos vagões, para não serem atingidos.
Segundo a Supervia, desde o início do ano, foram registradas 40 interrupções temporárias da operação dos trens por causa de disparos nas imediações da via férrea. Ao todo, foram 43 horas e 40 minutos de alteração no funcionamento dos trens. De janeiro a junho deste ano, ocorreram 37 casos, 270% a mais do que no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 10 casos.
Ainda de acordo com a concessionária, a maior parte de ocorrências deste ano foi registrada nas proximidades da estação Manguinhos, do ramal Saracuruna, onde a circulação sofreu 18 alterações por causa de tiroteios. Em seguida, está a região do Jacarezinho, do ramal Belford Roxo, com cinco ocorrências.
A secretária Eunice Farias, moradora de Del Castilho, disse que antes de pegar o trem do ramal Belford roxo, para ir trabalhar no Centro, verifica as redes sociais. “O trem é o transporte mais rápido, porque evito o trânsito, mas tenho de olhar antes os avisos no facebook, para ver se o funcionamento está normal, e não chegar atrasada”, conta Eunice.
A violência pode afetar a operação de mais de um ramal no mesmo dia. Em 1º de maio, por exemplo, a troca de tiros próximo ao Maracanã fez com que composições dos cinco ramais precisassem aguardar ordem de circulação nas imediações por onze minutos, em horário de rush, das 7h33 às 7h44.
Só no dia 3 de julho, houve troca de tiros nas proximidades de duas estações do sistema, Manguinhos (ramal Saracuruna), na parte da manhã, e Jacarezinho (ramal Belford Roxo), à noite. Estima-se que nessa data, aproximadamente 12 mil passageiros tenham sido impactados e houve cerca de 4 mil embarques a menos do que em um dia útil comum.
Queda na quantidade de embarques
Os principais transtornos para os 174 mil passageiros, que embarcam nos horários e trechos afetados pelos tiroteios, são aumento do tempo de viagem ou viagens interrompidas em estações anteriores às de destino. A maior parte deles desiste do embarque quando são alertados das condições de segurança. “Por duas vezes, tive de desembarcar para pegar um ônibus. Não dá para perder tempo quando temos hora marcada”, argumento o eletricista Amadeu Santos.
A concessionária estima que, só este ano, a empresa tenha sofrido uma perda financeira de quase R$ 200 mil, somando-se os 40 mil usuários que deixaram de utilizar o sistema e os que receberam reembolsos no caso de interrupção da viagem. Também existem casos em que a companhia precisa realizar reparos em cabos da rede aérea e em equipamentos, danificados por tiros.
“Cada tiroteio é mais um impacto negativo na vida de milhares de pessoas. Contamos com a colaboração do estado para que o transporte sobre trilhos funcione como deve ser: confortável, seguro e rápido, pois não enfrenta engarrafamentos e é bastante estratégico para a mobilidade urbana, já que funciona como via troncal nos deslocamentos entre 11 municípios da região metropolitana e a capital do estado”, disse José Carlos Prober, presidente da concessionária.
A SuperVia ressalta que a segurança pública, dentro e fora do sistema, é uma atribuição do governo do estado que atua por meio de seus grupamentos militares. A Polícia Militar esclarece que faz patrulhamento em todo o entorno da malha ferroviária e que, durante as ações, é pedida a interrupção da circulação dos trens.
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