Propina nos ônibus: Cabral acusa Pezão e promotor é preso

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) disse em interrogatório nesta segunda-feira (03/02) que o também ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB) ajudou a estruturar o esquema de propina, que incluía o setor de transportes.  Pezão, que foi ouvido logo após Cabral, disse que a acusação é uma “mentira grande”.  Ainda nesta segunda-feira, a Polícia Federal (PF) prendeu o promotor de Justiça Flávio Bonazza de Assis acusado de receber uma “mesada” de R$ 60 mil da Fetranspor.

Os depoimentos de Cabral e Pezão foram prestados ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no âmbito da Operação Boca de Lobo, que prendeu Pezão. Cabral disse que recebia uma mesada de R$ 500 mil da Fetranspor. Em abril de 2014, ao renunciar ao cargo para o sucessor, afirmou que Pezão deveria receber também. Segundo Cabral, Pezão recebia uma mesada de R$ 150 mil.  “Recebeu durante os oito anos os pagamentos extras”, disse.

O esquema foi delatado por Carlos Miranda, operador de Cabral. Além disso, Pezão teria recebido R$ 30 milhões só da Fetranspor para a campanha a sucessão. “Foram R$ 30 milhões [da Fetranspor] para o governador Pezão para sua estrutura [de campanha) e R$ 8 milhões para meus deputados a quem eu tinha interesse de ajudar.

Ainda segundo o ex-governador, o esquema começou na administração dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, que negam as acusações. Cabral e o Pezão teriam diminuído o valor cobrado das empresas em propina de 15% a 20% para 5%. “Eu estabeleci junto com Pezão o percentual de 5%: 3% para o meu núcleo, 1% para o núcleo dele, que era a Secretaria de Obras, e 1% para o TCE [Tribunal de Contas do Estado], para aprovação das licitações”, revelou Cabral.

Promotor é preso suspeito de receber propina de empresários de ônibus

A Polícia Federal (PF) prendeu nesta segunda-feira (03/02), em Copacabana, o promotor de Justiça Flávio Bonazza de Assis. O promotor foi preso no âmbito da Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato, que investigava esquema de propina no setor de transportes do estado do Rio.

Bonazza  foi um dos cinco denunciados pelo MPRJ, em novembro, a partir de um acordo de delação fechado com o ex-presidente da Fetranspor  Lelis Teixeira. De acordo com Lelis, o promotor, então na Tutela Coletiva da Cidadania da capital, do MPRJ, em troca de uma “mesada”, R$ 60 mil, arquivaria inquéritos e retardaria investigações ou vazaria informações para a cúpula do setor.

A denúncia do MP afirma que Bonazza quis ter sob controle tudo que chegava sobre o tema ao MP. “Em determinado momento, Bonazza, alegando pretensa prevenção, reivindicou junto a alguns dos promotores que os inquéritos civis, notícias de fato, representações e procedimentos administrativos que versassem sobre linhas de ônibus, lhes fossem encaminhados”, diz o texto.

Em nota, a defesa técnica de Flávio Bonazza diz ter recebido “com absoluta indignação” a notícia sobre a prisão. “Os fatos datam de 2016 e são baseados exclusivamente nas palavras de criminosos confessos sem qualquer prova de corroboração”, afirmou.

Foto: Agência Brasil

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