Pandemia reduziu em mais de 60% a frota que circula em Niterói

Um estudo realizado pelo Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) sobre o impacto da pandemia na oferta de ônibus, que circulam em Niterói, concluiu que a frota operante foi reduzida em 61,7%. O levantamento do Sintronac, considerou 13 empresas, que operam 60 linhas com ponto final no Terminal João Goulart. Segundo o Sindicato, no mês de março, antes da disseminação do coronavírus e da adoção das medidas de isolamento social, as 13 empresas registravam movimentação diária de 865 coletivos, nas 60 linhas. Em 15 de junho, data da conclusão da pesquisa, com a flexibilização de algumas atividades econômicas, as empresas operam o serviço com 332 veículos, o equivalente a 38,3% da frota.

Segundo o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, o impacto da pandemia foi devastador no setor rodoviário. Ele observa que muitas empresas ficaram totalmente sem capital. “Agora, acaba o prazo para a aplicação da Medida Provisória 936, a que garante ajuda emergencial para trabalhadores e pessoas em situação de risco. Embora tenha sido aprovada sua prorrogação no Senado, precisa da sanção presidencial. Teremos, ao mesmo tempo, 40% de nosso efetivo de 18 mil rodoviários fora de serviço. São 7,2 mil trabalhadores que não terão como sustentar suas famílias”, avalia Rubens dos Santos Oliveira.

A diretoria do Sintronac calcula que, com a reabertura gradual das atividades econômicas, 60% do efetivo de rodoviários volte a trabalhar normalmente. Para se atingir os 100%, no entanto, os efeitos da pandemia nos setores de comércio, serviços, indústria, construção civil, educação, entre outros, devem ser normalizados.

Rubens defende a abertura de um canal de diálogo urgente entre empresas, trabalhadores e governos para que o setor rodoviário possa manter sua estrutura operacional pronta para atender às demandas que surgirem na medida em que as atividades econômicas voltarem a funcionar.

“Há a questão da fiscalização também. Não cabe aos rodoviários impedir aglomerações ou entrada de passageiros sem os EPIs, como a máscara. O poder público tem que agir nas principais vias, terminais e pontos finais, pois muitas pessoas ainda tentam embarcar à força nos ônibus sem proteção”, destaca ele.

Empresas à beira da falência

A empresa mais afetada pelas regras de isolamento e restrições das atividades econômicas, segundo o universo de viações pesquisado pelo Sintronac, foi a Araçatuba, que tinha 61 ônibus circulando antes da pandemia e passou para 11, operando apenas 18,03% de sua frota. Em seguida vem a Fortaleza, com 20%; Brasília, 20,5%; Ingá, 20,8%; Santo Antônio, 27,3%; Rio Minho, 32,2%; Pendotiba, 32,4%; Miramar, 36,5%; Mauá, 38,7%; Nossa Senhora do Amparo, 39%; Rio Ita, 48,1%; Fagundes, 66,2%; e 1001, 70%.

Três linhas intermunicipais da viação Rio Minho deixaram de circular: Piabetá, Andorinha e Imbariê. Juntas, operavam, antes da pandemia, 14 ônibus. Entre as municipais, a 21 da Ingá, com três coletivos, também saiu das ruas.

A Rio Ita foi multada em R$ 5 mil e obrigada pela Justiça do Rio, em ação movida pelo Ministério Público Estadual, a evitar aglomerações em seus ônibus e a adotar medidas preventivas para trabalhadores, como a distribuição de máscaras e álcool em gel, além de realizar desinfecção diária nos ônibus “ao final de cada percurso”. Para o presidente do Sintronac, decisões judiciais como essa não podem ser estendidas aos rodoviários.

“Alertamos a todos os rodoviários que não assinem nenhum documento que os obrigue a atuar como fiscais de aglomerações ou de uso de equipamentos de proteção por parte de passageiros. Nenhuma empresa pode obrigar o trabalhador a assumir esse papel. O rodoviário não tem o poder de um agente de Segurança Pública. Qualquer denúncia pode ser encaminhada ao sindicato, que tomaremos as medidas cabíveis, incluindo possíveis ações judiciais”, assegura Rubens.

Foto: Divulgação

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