Mudança na concessão da BR-040 preocupa Região Serrana
A rede hoteleira e o comércio da Região Serrana estão bastante preocupados com o futuro da concessão do trecho da BR-040 entre Juiz de Fora e Rio de Janeiro. A possibilidade de o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) assumir a gestão da rodovia no lugar da Concer é motivo de apreensão para toda a economia local, sobretudo no meio da pandemia. No último fim de semana, Estação Rio ouviu empresários e moradores da região. Em comum, o receio de que a possível troca reduza ainda mais o fluxo de turistas, com grave impacto sobre a atividade econômica.
Uma das razões de inquietação é o risco de piora das condições de segurança da via. A reestatização da Rio-Juiz de Fora não prevê serviço de atendimento aos acidentados. Em declarações recentes, o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, já afirmou que tal demanda ficaria a cargo do Samu, em eventual parceria com o estado do Rio de Janeiro.
“Já tivemos uma queda brutal no movimento com a pandemia. Precisei demitir quase metade dos meus funcionários, dois deles com mais de 10 anos de casa. Agora, meu receio é que a situação fiquei ainda pior se o governo assumir a BR-040. Temo que turistas e proprietários de casas na região tenham maiores dificuldades de acesso caso as condições de tráfego piorem”, diz o dono de um dos mais conceituados restaurantes de Itaipava.
Enquanto a via ficar sob a administração do DNIT, não será cobrado pedágio. Boa notícia para os usuários? Não necessariamente. O barato pode sair muito caro. O governo federal ainda não deu qualquer pista do que fará com as praças de pedágio da rodovia caso reassuma a concessão. Nessas praças ficam situados os Serviços de Apoio ao Usuário (SAU), constituídos de socorro mecânico e médico e Serviços de Informações ao Usuário (SIU). Com o DNIT, a BR-040 pode virar uma terra de ninguém entre Rio e Juiz de Fora, com um apagão dos serviços de apoio prestados aos motoristas e moradores da região.
O temor de autoridades é que, em meio à segunda onda da pandemia de Covid-19, o Samu e o Corpo de Bombeiros sejam obrigados a assumir um aumento de demanda além da capacidade dos serviços, em especial em trechos pelo interior do estado.
“Não sei o que será da minha família sem o posto de atendimento a Concer”, disse um morador de Areal que recebe atendimento emergencial pela equipe médica da concessionária.
Quando informados de que o DNIT poderá assumir a concessão em março, moradores ouvidos por Estação Rio lembraram que esse período registra o pico de chuvas na região. Nessa época, os deslizamentos de terra passam a ser rotina.
Os moradores e empresários da Região Serrana apontam que a Concer atua na desobstrução da via, retira árvores, ajuda no combate a incêndios na região. “Eles são uma maravilha? Não. Mas a gente sabe que com a Concer a estrada tem manutenção, a sinalização é boa, o risco de viajar à noite é baixo. Nada do que o governo bota a mão dá certo. Daqui a pouco, a estrada vai ser uma buraqueira só. Já estou até preocupada quando as aulas presenciais voltarem”, diz Natália Lima, 23 anos, que estuda na Unifase, a antiga Faculdade de Medicina de Petrópolis e costuma fazer o trajeto entre a cidade e Juiz de Fora, onde moram seus familiares.
No momento, está nas mãos da Justiça a decisão que pode prorrogar o contrato de concessão da via. Segundo o Ministério da Infraestrutura, a previsão é que somente no final de 2022 seja aberto novo edital para contratação de outra concessionária para administrar o trecho da BR-040. Enquanto isso, a rodovia seria administrada pelo DNIT.
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