Redução do biodiesel na mistura do diesel pode baixar preço

Com o objetivo de conter os efeitos dos recentes reajustes do óleo diesel nos custos do transporte público, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) apoia a imediata redução de 50% ou mais do percentual de biodiesel misturado no óleo diesel comercializado no Brasil. A proposta foi lançada na Nota Técnica elaborada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), e segundo a NTU, resultará em alívio imediato no preço do diesel, podendo o nível do insumo ser zerado por um período limitado.

Ainda de acordo com a NTU, somente os sucessivos reajustes no preço do diesel nas distribuidoras registrados nos últimos 12 meses, se aplicados às tarifas de ônibus, podem gerar uma correção de 4,1% no valor médio da passagem de ônibus no Brasil, o equivalente a mais 16 centavos.

Em levantamento recente, a NTU destaca que, de 1999 a 2020, os aumentos do diesel geraram uma variação de 511,12% no preço desse insumo, que tem impacto de 23% nos custos do setor. No mesmo período, os reajustes acumulados da gasolina só impactaram em 308,7% o preço do litro desse combustível, favorecendo os meios de transporte individuais, movidos à gasolina, em detrimento dos modais coletivos.

Outras medidas para cortar custos

A NTU esclarece ainda que, além dessa medida, o setor vem sugerindo outras alternativas para minimizar os impactos dos reajustes do diesel. Em recente ofício enviado ao Planalto, a NTU reiterou a necessidade de implantação de soluções definitivas para o preço do diesel que passam pela reformulação da estrutura tributária incidente sobre o produto e pela adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público, por meio de subsídios aprovados pelo Congresso Nacional.

“Para superar a crise do transporte público, que enfrenta queda no número de passageiros e agora tem que lidar também com o aumento dos custos operacionais causados pelos sucessivos reajustes do diesel, a NTU defende ainda mudanças estruturais para resolver os principais problemas da área, como a adoção de um novo marco legal para o transporte público urbano e de caráter urbano, que inclua a segurança jurídica e a transparência nas relações contratuais das empresas operadoras”, diz a nota enviada pela NTU.

Impactos da redução do biodiesel

Atualmente o diesel comercializado no Brasil tem 13% de biodiesel adicionado. Essa porcentagem, porém, destoa dos níveis praticados em outros países. No Japão, por exemplo, o biodiesel representa apenas 5% do insumo. Na Comunidade Europeia, a taxa é de 7%. No Canadá, adota-se de 2% a 4% na mistura.

A Nota Técnica da CNT, destaca ainda desvantagens do uso excessivo do biodiesel pela frota brasileira, como, por exemplo, o comprometimento da mecânica e do desempenho dos veículos, em especial os mais antigos, pela característica desse combustível de absorver água, elevando os riscos de contaminação do diesel e proliferação de microorganismos, com poder de degradar o combustível e causar danos nos tanques de armazenamento e componentes automotivos.

Segundo a Nota, reduzir o nível de biodiesel na composição do diesel não eleva a emissão de gases poluentes. Esclarece que o Brasil está adequado à fase P8 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que orienta níveis de 6% a 7% de biodiesel puro (B100) na mistura. Também cita estudos recentes segundo os quais níveis excessivos de biocombustível no diesel comercial podem elevar os níveis de emissão de dióxido de nitrogênio, poluente danoso à saúde e ao meio ambiente.

Foto: Divulgação

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