Em 2 meses, força-tarefa fez 54 operações nas estações de trens
O Grupamento de Polícia Ferroviário (GPFer) realizou 54 operações de combate ao tráfico de drogas nas estações dos trens da Supervia, desde maio. A informação foi passada pelo comandante da unidade especializada da Polícia Militar do Estado, major Carlos Henrique Cosenza, em audiência da CPI dos Trens. A Comissão foi criada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) para fiscalizar os serviços prestados pela concessionária.
As operações força-tarefa “Estação Segura” mobilizaram um contingente de 1.920 policiais e já resultaram em prisões e apreensões. A estação Jacarezinho foi ocupada permanentemente pela PMERJ. “Após a primeira reunião junto à CPI, que apontou que 12 estações estavam tomadas pelo narcotráfico, iniciamos as operações, no mês de maio, que permitiram à concessionária fazer reparos, além de efetuar 20 prisões, apreender dois fuzis, quatro pistolas, duas granadas, além de drogas, 207 metros de cabos furtados, veículos e máquinas de caça-níquel”, contou.
Relator da CPI, o deputado Waldeck Carneiro (PSB) questionou se não seria mais efetivo ter policiamento permanente nas estações onde já foi constatada a ação do tráfico. O comandante do Policiamento Especializado da PMERJ, coronel André Henrique Silva, explicou que uma ocupação permanente poderia afetar o serviço de trens e a segurança da população local. “A permanência por 24 horas requer outro cenário. As operações irão continuar. Estas ações são muito bem pensadas, já que não podem atrapalhar o fluxo dos trens e têm que ser feitas com segurança. Temos uma programação semanal de operações”, afirmou.
O deputado Luiz Paulo (PSD) destacou que é necessário um serviço de inteligência para coibir o tráfico nas estações: “As operações são válidas, já que permitem que a SuperVia conserte o que há de irregular, como fechar os muros abertos. Mas o crime organizado já alarga sua atuação para dentro do patrimônio público, nas estações. Tem que dar prejuízo forte ao bolso deles, inteligência é a questão central”, disse.
Ações contra o roubo de cabos
Representando a Polícia Civil, o titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Luiz Henrique Marques, destacou o trabalho que vem sendo feito pela corporação no combate à compra de cabos furtados. “O trabalho deve ser focado no comprador, reprimir o furto é muito mais difícil. A Polícia Civil, levando em consideração a mancha criminal, realizou operações, nossa força-tarefa já efetuou 33 prisões, entre abril e junho deste ano, por crimes cometidos contra a SuperVia”.
Durante a audiência, foi informado também que, a partir do dia 17 de agosto, os ferros-velhos só poderão funcionar diante de um Registro Administrativo de Funcionamento (RAF). Esse documento será emitido pela Delegacia de Roubos e Furtos e tem objetivo regulamentar as atividades desses estabelecimentos, que terão que declarar a destinação do material e de onde foi comprado.
A presidente da CPI, deputada Lucinha (PSD), disse que o RAF é um avanço no combate ao furto de cabos ao longo da linha férrea. A deputada questionou a Supervia sobre o que foi feito na prática para retirar as famílias que moram ao longo da linha férrea, principalmente no Ramal de Belford Roxo. “São crianças brincando que podem ser atropelas, já que moram do lado do trilho do trem”, ressaltou.
Recursos estaduais para a melhoria da rede
O deputado Luiz Paulo destacou ainda que, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não havia previsão de recursos para o sistema ferroviário e a CPI incluiu emendas. “Na LDO, no programa infraestrutura, sob ponto de vista de transporte, só tem o metrô leve da Baixada. Como você vai pensar em metrô leve da Baixada sem os trens funcionando, o mais importante sistema de transportes de passageiros metropolitanos. A LOA de 2023 chega na Alerj até dia 30 de setembro. Somente nesta data que poderemos fazer emenda de valor. O relatório final da CPI vai nos ajudar muito a fazer estas emendas”, afirmou o deputado.
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