Má conservação das vias causa acidentes e reduz vida útil dos veículos

As condições gerais das vias urbanas são muito ruins no Rio de Janeiro. O mau estado das pistas do BRT, por exemplo, poderia ter provocado um desastre, nesta quarta-feira (9/5), quando o ônibus articulado da linha 15 (Salvador Alende-Santa Eugênia) ficou sem uma das rodas ao trafegar próximo à Estação Ctex. Ninguém ficou ferido e o articulado foi levado para o reparo.

O professor da Escola Politécnica da UFRJ e engenheiro de Transportes, Giovani Manso Ávila, alerta para os transtornos que os buracos, desníveis em cruzamentos e consertos mal executados no asfalto podem causar. De acordo com Ávila, as falhas no asfalto ampliam os riscos de acidentes e danos nas rodas, pneus e componentes da suspensão do veículo. “Esses problemas ocasionam a redução da segurança de quem circula pelas ruas e também aumentam o consumo de combustível, tempo de viagem e custos de manutenção dos veículos”, detalha. Segundo o engenheiro, nos dias de chuva a situação piora com os alagamentos de alguns trechos, fazendo com que as deficiências das vias fiquem escondidas, aumentando também o risco de acidentes.

No relatório gerencial da pesquisa de rodovias de 2017 da Confederação Nacional dos Transportes, o estado de conservação do pavimento está diretamente associado aos custos operacionais e aos riscos de ocorrência de acidentes. De acordo com o documento, 75% do total de desastres no país são causados por falha humana e 6% são provocados pela falta de conservação das vias. “A má condição da superfície das rodovias, com a presença de afundamentos, ondulações e buracos, contribui para a instabilidade do veículo e, consequentemente, para a dificuldade em mantê-lo na trajetória desejada, podendo, desse modo, gerar colisões devido à perda do controle do automóvel”, conclui o professor da UFRJ.

Os problemas nas pistas também reduzem consideravelmente a vida útil dos coletivos que nelas trafegam.  Ávila dá o exemplo dos ônibus articulados, que deveriam durar 20 anos no corredor Transoeste, e só resistem por cinco anos. “Isso ocorre porque o veículo começa a apresentar falhas em peças da suspensão, defeitos que só seriam normais em caminhões que rodam por estradas não asfaltadas”, compara o professor.  Depois de circularem na via esburacada, 20% da frota de BRTs, cerca de 80 coletivos, precisam de reparos diariamente.

Consórcio e Prefeitura trocam acusações

Em nota, o Consórcio BRT Rio afirmou que a responsabilidade da conservação das vias é da Prefeitura e que já solicitou providências. A empresa informou ainda que, para evitar que os veículos quebrem, adotou medidas preventivas, como o desvio da calha para a pista comum e posterior reingresso mais adiante, o que só deveria ser praticado em situações excepcionais, e a redução de velocidade nos trechos mais críticos. “Ambas as medidas comprometem a performance operacional do BRT, já que aumentam o tempo de viagem em até 20%”, diz a nota. Ainda de acordo com o comunicado, os buracos, rachaduras e depressões na calha comprometem a segurança do transporte e coloca em risco os passageiros e rodoviários.

Depois do incidente, uma equipe da Secretaria Municipal de Transportes fiscalizou as imediações do Terminal Salvador Allende e Alvorada, na Zona Oeste. Os fiscais lacraram cinco ônibus que estavam com a vistoria vencida, além de aplicar 18 multas em veículos que estavam sem saída de emergência, com a porta de serviço quebrada, a licença vencida e em mau estado de conservação.

Foto: Fernando Frazão/ Fotos Públicas

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