Ar-condicionado na frota dos ônibus é reivindicação antiga dos passageiros
Os cariocas esperam há seis anos pelo cumprimento da promessa feita, em abril de 2012, pelo então prefeito Eduardo Paes, de climatizar todos os ônibus que circulam no Rio. A proposta constava do Plano Estratégico do município (2013-2016) lançado em uma cerimônia no Palácio da Cidade, em Botafogo.
Depois de muita discussão e de ações ajuizadas pelo Ministério Público, atualmente, 60,18% dos ônibus são refrigerados, mas o serviço é alvo de reclamações dos usuários. Para o técnico em máquinas de lavar, Ubirajara de Oliveira Santos, é muito difícil conseguir viajar todos os dias em ônibus com ar condicionado. Ele faz trajetos diferentes para atender aos clientes. “Já observei que há linhas em que todos os ônibus são climatizados e outras que não há um coletivo sequer com ar”, critica. O administrador, Nilton Pereira da Silva, conta que os carros, às vezes, trafegam com o sistema danificado. “Tem climatização, só que não funciona, mas a passagem é cara”, destaca.
De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), o total da frota licenciada é de 7.159 ônibus, incluindo frescões e BRTs. Desses, 4.308 são climatizados e 2.851 rodam sem ar-condicionado. A distribuição desses coletivos pela cidade é desigual. Segundo a SMTR, o consórcio com mais carros climatizados é o Internorte, que opera nos bairros do subúrbio da Zona Norte, com 1.115; seguido pelo Santa Cruz, que roda na Zona Oeste, com 1.090; em terceiro vem o Transcarioca, que abrange a Barra da Tijuca, Jacarepaguá e adjacências, com 924; e em último, o Intersul, que atua nos bairros da Zona Sul e da Grande Tijuca, com 783. O total de BRTs com ar é de 396.
Climatização foi parar na Justiça
Em 2016, o Ministério Público estadual ingressou com ação civil pública questionando a legalidade do reajuste de tarifas de 2015 acima do previsto em contrato. Segundo o MP, houve irregularidades na fixação do aumento, sob o pretexto de que os R$ 0,20 adicionais permitiriam acelerar a climatização dos ônibus e subsidiar gratuidades.
O atraso no cumprimento da decisão levou o MP a estipular, em audiência pública, em 2017, que a Prefeitura apresentasse um cronograma de urgência para as linhas prioritárias receberem ar-condicionado. O planejamento deveria levar em consideração o número de passageiros transportados e a quilometragem da viagem.
Em seu portal, a Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas e os consórcios, diz que o Rio é hoje a capital que tem a maior frota com ar condicionado no país e que a exigência não consta do contrato de concessão de 2010. O sindicato ressalta ainda que é favorável à instalação de refrigeração nos veículos. Segundo a instituição, os consórcios vêm cumprindo rigorosamente as regras estipuladas e que desde 2014 somente coletivos climatizados de fábrica passaram a integrar o sistema. O sindicato informa que a substituição é feita de forma gradativa e o custo estimado de um carro novo com ar chega a R$ 450 mil.
Já a SMTR informou que o assunto está na Justiça e, por isso, não pode comentar sobre o caso.