Julio Lopes é ouvido em Brasília pela CPI dos Transportes do Rio

O ex-secretário de Transportes de Sérgio Cabral (MDB) de 2007 a 2014, Julio Lopes, foi ouvido nesta segunda-feira (21/5) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em Brasília. Ele se recusou a depor no Rio e usou a prerrogativa parlamentar de deputado federal pelo Partido Progressista (PP), para falar somente na capital federal.

Lopes disse à Comissão que foi indicado para o cargo pelo vice-governador Francisco Dornelles, presidente regional do PP, depois de não se eleger para o Parlamento, mesmo sem que tivesse conhecimento da área. O ex-governador Sergio Cabral teria bancado a escolha por, segundo Lopes, ser um cargo eminentemente político.

O deputado federal afirmou à CPI que as decisões de obras, aumento de tarifas e isenções fiscais partiam da Casa Civil, comandada por Régis Fichtner, em seguida, o próprio ex-governador dava  a palavra final. “Atos de gestão da obra da Linha 4 (do Metrô) estavam delegados à Casa Civil. Não pude comprar nem um parafuso. Fiz (somente) 3 aditivos de adequação”, afirmou.

Segundo as investigações da Operação Lava Jato, Sérgio Cabral teria recebido R$ 50 milhões de propina da Odebrecht. Em delação premiada, um executivo da empresa declarou que Julio Lopes teria embolsado R$ 4 milhões. O deputado negou.

Em relação à elevação do preço das passagens, Julio Lopes disse que não interferia no assunto, que essa é uma atribuição das agências reguladoras de transportes, para barcas, trens e metrô; no caso dos ônibus, do Detro, juntamente com o gabinete do governador e a Casa Civil.  “A competência do estabelecimento das tarifas dos modais era das agências. Eu sequer participava das reuniões. Nem nunca fui convidado”, destacou.

O acidente do Bonde de Santa Teresa, em 2011, que deixou seis mortos e 56 feridos, ocorreu durante a gestão de Lopes. O laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) concluiu que problemas de manutenção provocaram o tombamento da composição. Interrogado sobre a tragédia, o ex-secretário afirma ter sido caluniado e que jamais responsabilizou o motorneiro. “Jamais o fiz e jamais o faria”, defendeu-se. Julio Lopes foi responsabilizado pelo Ministério Público pelo ocorrido, responde por improbidade administrativa e teve os bens bloqueados.

O presidente da CPI, o deputado Eliomar Coelho (PSOL) disse que vai cruzar essas informações com outras para avançar nas investigações. “Ouvimos muito os nomes da Casa Civil e do Governo do Estado, deixando a impressão de ele estar querendo se eximir de responsabilidade”, afirmou. Eliomar presidiu os trabalhos ao lado do vice-presidente da Comissão, deputado Gilberto Palmares (PT), e do deputado Nivaldo Mulim (PR), membro titular da Comissão. Antes de encerrar, Eliomar lamentou o fato de a sessão ser realizada em Brasília, o que gerou custos desnecessários, uma vez que Lopes é deputado eleito e mora no Rio. Lopes retrucou dizendo que isso não era gasto, mas sim investimento.

Foto: Divulgação/ Alerj.

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