Em 10 anos, reajuste das tarifas de ônibus chegou a 90% no Rio
Uma pesquisa do Instituto de Política de Transporte e Desenvolvimento analisou dados entre 2007 e 2017 sobre o peso das passagens de ônibus no bolso dos trabalhadores nas principais capitais brasileiras. No Rio de Janeiro, o reajuste acima da inflação no período chegou a 90% nos últimos 10 anos.
Segundo o coordenador de transporte público do Instituto de Política de Transporte e Desenvolvimento, Gabriel de Oliveira, um índice de acessibilidade ao transporte e à moradia, que é proposto por uma instituição de pesquisa americana, afirma que o transporte deve pesar 15% no total do orçamento das famílias.
No Rio de Janeiro, os gastos com transporte chegam a 20% dos rendimentos das famílias que recebem até um salário mínimo. O mesmo acontece em Curitiba, Goiânia, Porto Alegre e São Paulo. Em Florianópolis, esse custo sobe para 21% da renda. Em Belo Horizonte, representa 22%.
O especialista em transporte da Universidade do estado do Rio de Janeiro (Uerj), Alexandre Rojas, destaca que as passagens aumentaram devido aos insumos, enquanto a renda do empregado não acompanhou o aumento. De acordo com Rojas, o trabalhador empobreceu nesse tempo, gastou mais e não recuperou o seu dinheiro.
No Rio, além de caro, o serviço foi considerado o de pior qualidade entre 74 cidades de 16 países, segundo pesquisa da instituição norte-americana Expert Market. Entre as principais reclamações dos passageiros do Rio estão os horários irregulares, linhas retiradas de circulação pelos consórcios, ônibus lotados, rodando sem climatização e, muitas vezes, em condições precárias. O assistente administrativo Fernando de Souza Santos, morador de Campo Grande, reclama das condições dos coletivos e do tempo de viagem até o Centro. “O tempo de espera é 10 a 15 minutos, os ônibus andam lotados e não têm ar-condicionado”, critica.
Reajuste em outras capitais
De acordo com a pesquisa que analisou os reajustes, Belém teve o maior aumento nos preços das passagens entre 2007 e 2017 entre todas as capitais, com majoração de 130%. Em Teresina, o aumento foi de 120% e em Florianópolis, 111%. Belo Horizonte é a capital com a passagem mais cara do Brasil, com o custo de R$ 4,05.
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