Transporte no Rio é lento e caro por falta de integração tarifária entre os modais
O deslocamento de outros 17 municípios da Região Metropolitana até o Centro do Rio, onde se concentram os serviços e os postos de trabalho, é lento e caro. A causa é a falta de integração física e tarifária entre os transportes. Por exemplo, com o Bilhete Único Intermunicipal é possível pegar um ônibus em outro município e o metrô e pagar R$ 8,55, mas se o passageiro não tiver direito ao benefício terá de desembolsar o valor de duas passagens, porque não existe integração tarifária sem subsídio do estado nesses modais.
A engenheira de Transportes e professora da Escola Politécnica da UFRJ, Eva Vider, afirma que a integração tarifária e física eliminaria vários problemas enfrentados pelos passageiros. “Entre os benefícios estão o menor custo total das passagens para os usuários que necessitam utilizar mais de um modo de transporte para realizar sua viagem, redução do tempo de espera e oferta de várias opções para seus deslocamentos”, detalha.
Segundo Eva Vider, a integração também seria vantajosa para as concessionárias porque reduz os custos de operação do sistema. “O uso de um único bilhete proporciona maior e melhor distribuição das demandas de passageiros nos diversos modos diminui o número de bilheteiros e melhora a utilização das estações e pontos de parada”, argumenta a engenheira de transportes.
O ponto de partida para pôr em prática a integração entre os modais no Rio é reunir as concessionárias e os poderes Executivo e Legislativo, para estudar qual o melhor plano de ação. “Em primeiro lugar, precisa haver vontade e poder dos agentes envolvidos na gestão da mobilidade urbana para implementação de uma coordenação institucional e legislativa entre eles, na definição do modelo adequado de integração”, explica Eva Vider. Esse planejamento inclui levantamento e acompanhamento dos custos de operação de cada modal, para embasar a política tarifária e de remuneração a ser escolhida. “Deve ser considerada também a possibilidade da adoção de subsídios, diretos ou cruzados”, destaca a engenheira.
Para garantir a transparência da integração na bilhetagem eletrônica, Eva Vider recomenda que a operação e gestão da Câmara de Compensação Tarifária seja acompanhada online pelos poderes concedentes. “A câmara é necessária para o balanceamento da remuneração tarifária”, ressalta.
Secretaria estuda interoperabilidade
A integração tarifária, com redução de preços, está longe de ser realidade no estado do Rio. A Secretaria de Estado de Transportes ainda estuda soluções tecnológicas para interoperabilidade entre os modais. Na prática, os bilhetes emitidos por cada operadora passarão a ser aceitos por todas. “Isso possibilita ao usuário portar apenas um único cartão para pagamento de suas passagens”, comenta o secretário de Transportes, Rodrigo Vieira.
Segundo ele, um dos avanços é a possibilidade da aplicação de benefícios tarifários, como o Bilhete Único Intermunicipal, aos cartões de todas as operadoras. “A interoperabilidade vai facilitar ainda mais a integração tarifária já existente, subsidiada pelo governo do estado”, destaca. Entretanto quem não tem direito ao Bilhete Único Intermunicipal pagará o preço integral da passagem.
Além das integrações tarifárias subsidiadas diretamente pelo governo do estado, a Secretaria de Estado de Transportes informa que busca junto às concessionárias e permissionárias outras formas de integração que reduzam os custos sem a necessidade de aporte público. “Sem que as integrações tragam impactos negativos ao equilíbrio econômico-financeiro dos respectivos contratos”, acrescenta. O órgão dá como exemplo a integração do metrô com o BRT e o caso do metrô com as vans legalizadas que realizam o transporte complementar na Rocinha e no Vidigal.
Foto: Tânia Rêgo/ Fotos Públicas