Uma boa nova para a mobilidade no apagar das luzes de 2019
O calendário de 2019 é para ser esquecido no que diz respeito à mobilidade urbana. Vão para a conta do inferno dos transportes a superlotação das conduções, linhas inoperantes, frota sem climatização, veículos em estado precário e operando com longos intervalos. Nada que não se tenha visto antes, mas ainda pior, desalentador. As irregularidades se repetiram nos trens e, em menor escala, nas barcas e no metrô. Para piorar o que já é péssimo, os preços das tarifas aumentaram sem que houvesse melhorias no sistema.
A crise econômica que atingiu o estado, em cheio, provocou a falência de empresas de ônibus, gerando desemprego na categoria e sumiço de linhas; a Prefeitura interveio no BRT por seis meses e, depois, devolveu o serviço ao consórcio sem resolver as falhas do sistema; as obras do corredor Transbrasil foram paralisadas; o eixo da Avenida Cesário de Melo, do Transoeste, ficou fechado por mais de um ano, depois finalmente reaberto em dezembro, mas funciona precariamente; por fim, a licitação das linhas intermunicipais continua suspensa.
Neste fim de ano, porém, um pequeno facho de luz clareou um setor que já vinha se acostumando às más notícias. A nova gestão da Fetranspor, que vinha trabalhando no silêncio e discrição, mostrou a que veio. A entidade está adotando um sistema de compliance que pretende ser referência no país. As reuniões do Conselho passaram a ser em prazos bem mais curtos. O sistema de comunicação entre os integrantes da entidade se tornou ágil e transparente. Limpidez é a palavra de ordem.
Na semana passada, a Fetranspor e a Riopar, empresa de bilhetagem eletrônica, aderiram ao Instituto Brasileiro de Autorregulação do Setor da Infraestrutura (Ibric). A instituição é dedicada, entre outras ações, a auxiliar empresas a aumentar a transparência e a combater a corrupção na gestão. Lançado no início de outubro, o instituto já tem em seu portfólio cerca de 30 empresas e instituições, que serão preparadas para se adequar às melhores práticas internacionais de conduta.
Para a Fetranspor, a adesão ao Ibric representa uma sinalização importante do compromisso da nova gestão, iniciada em 2017, com as boas práticas de governança, deixando para trás um passado de malfeitorias de gestores públicos e da própria entidade, que já foram punidos e afastados dos seus cargos. Além de contribuir para coibir atos ilícitos, a valorização da transparência é uma ferramenta importante para a tomada de decisões ligadas à elevação da qualidade do serviço em benefício do usuário. A Fetranspor é um ente intermediário entre um órgão do aparelho de Estado e uma entidade de classe. Em função dessa característica peculiar, exige um gerenciamento afinado por diapasão. É bom saber que esforços nessa direção estão sendo feitos.
Denise de Almeida, editora do Estação Rio