Controle do coronavírus versus climatização da frota
TJ-RJ mantém multa no valor de R$ 5 milhões, por parte do Município do Rio por não climatizar a frota.
Em tempos de pandemia da Covid-19, que aprofundou a crise nos transportes públicos, a Justiça manteve a multa de R$ 5 milhões à Prefeitura do Rio pela falta de ar-condicionado nos ônibus. A refrigeração da frota deveria ter sido concluída em 2016. Não foi. Para os passageiros, a viagem em veículos refrigerados é bem mais agradável e é um direito do usuário. Mas hoje o cenário mudou e a preocupação principal é evitar o contágio pelo coronavívus.
Segundo especialistas, umas das medidas de proteção à covid-19 é manter o ambiente ventilado e, para isso, os coletivos devem circular com as janelas abertas. Por causa dessa restrição, o ar-condicionado deve ser desligado. Assim, na pandemia passou a ser prioridade manter o distanciamento entre os passageiros nos ônibus que circulam a cada dia mais lotados, com a flexibilização das atividades.
O sumiço de linhas denunciados todos os dias, a falência de empresas de ônibus por causa da queda da demanda e a redução da frota operante contribuem para aumentar a aglomeração dentro dos coletivos e dos terminais rodoviários. Quem pode evita o transporte público. Mas há aqueles que não têm opção e correm risco de contaminação todos os dias em conduções lotadas, tenham elas ar-condicionado ou não.
A higienização constante dos ônibus, o uso de máscaras, disponibilidade de álcool em gel para todos e a limitação do número de passageiros transportados por ônibus são as regras para um transporte seguro. Entretanto não é isso que se vê nas ruas. As exigências sanitárias aumentaram e as operadoras dizem que, com a queda da demanda, não têm condições de manter a operação. Segundo a Fetranspor, o número de viagens nos coletivos caiu 71% de março a junho, o que, causou um prejuízo de R$ 713 milhões. A crise dos transportes foi agravada com a pandemia. Multas não resolverão o problema.
Não se trata de ser contra a refrigeração da frota, mas de não desviar o foco do controle da doença que já matou 11.624 pessoas e infectou outras 133 mil no estado do Rio, até ontem (14/07), e de garantir um serviço que é essencial para a população.
Editorial
Denise de Almeida
Foto: Divulgação