Alerj e Sindicato pedem apuração sobre remédio sem eficácia

O Sindicato dos Rodoviários e a Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) pedem apuração rigorosa da denúncia de que funcionários da Viação Redentor foram orientados a tomar ivermectina, como forma de evitar a covid-19.  Nenhuma agência reguladora de saúde recomenda essa medicação porque não há eficácia comprovada.

Como mostrou o RJTV, um cartaz no quadro de avisos do posto médico, assinado pelo médico do trabalho Marcelo Oliveira de Souza, diz: “Vamos evitar Covid na nossa empresa! Usar 3 comprimidos de ivermectina (6 mg) por semana sempre no mesmo dia e tomados fora do horário de trabalho. (…)”

A direção do Sindicato dos Rodoviários disse vai entrar com uma representação no Ministério Público do Trabalho, solicitando que o órgão atue com rigidez para impedir que esse triste episódio se repita em outras empresas.  O presidente da entidade, Sebastião José, afirmou ainda que a decisão das empresas do Grupo Redentor em prescrever um remédio sem eficácia e sem aprovação da Anvisa como tratamento contra o Coronavírus é completamente contrária a posição da entidade. “Indicar um medicamento sem comprovar sua eficácia é um crime, além de colocar em risco a saúde dos profissionais da categoria, já que esse medicamento pode trazer sérios problemas de saúde”, ressalta.

Sebastião José informou ainda que nos últimos 30 dias, três funcionários que trabalham na administração da empresa morreram de Covid-19.

O presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa, deputado Dionísio Lins (Progressista) irá notificar as empresas e as Secretarias municipal de Transporte e de Saúde, para que apurem o caso e confirmem a recomendação.  “Estamos dando o prazo para nos responderem em 48 horas. Dependendo das informações que recebermos vamos notificar o Ministério Público para que tome as medidas cabíveis. É um absurdo que um médico a serviço de empresários oriente o uso de um medicamento que não está aprovado pela Anvisa para o tratamento da covid-19. Isso é muito grave e, a meu ver, estão politizando um assunto de saúde”, observa Dioniso.

Medicamento sem comprovação científica

A pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo afirma que o uso prolongado da medicação sem necessidade pode causar danos hepáticos. A médica acrescenta que “o uso dessa medicação não protege ninguém. Isso é uma maneira de as pessoas se iludirem, achando que estão protegidas e eventualmente relaxarem nas medidas de precaução e proteção individual e coletiva, como o uso de máscara, distanciamento e ocupação adequada dos transportes coletivos, que é hoje a nossa maior preocupação”.

Foto: Divulgação

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