Sem apoio do poder público, transportes coletivos podem parar

Em um ano de pandemia do Coronavírus, 750 milhões de passageiros deixaram de usar o sistema de ônibus, com prejuízos acumulados de R$ 753 milhões, levando pelo menos 16 empresas à falência. Neste período, o desemprego do setor atingiu mais de 7 mil rodoviários.

A cena cotidiana do Rio revela a tragédia do transporte público carioca

A crise sanitária antecipou a decadência do modelo de financiamento dos transportes. A redução do número de usuários em um sistema custeado só pela tarifa paga pelos passageiros aprofundou as dificuldades das empresas.

Diante dessa situação alarmante, o poder público no Rio de Janeiro – tanto na esfera municipal quanto estadual – não tomou nenhuma providência para evitar que a situação chegasse a esse ponto crítico. Uma desarticulação completa dos agentes públicos e privados.

Desde o início da pandemia, em março do ano passado, não houve um plano, por parte do município ou do estado, que garantisse a continuidade do serviço. Até mesmo a vacinação dos rodoviários foi negada. As empresas de ônibus do Rio tiveram que enfrentar, sem apoio do poder concedente, o aumento dos combustíveis, os gastos com a desinfecção dos veículos, além da competição desleal com as vans ilegais e com o transporte por aplicativo.  

A falta de auxílio das autoridades agravou o problema de tal forma que a tarifa é alta para quem paga e insuficiente para cobrir os custos de operação do sistema.

Em outras cidades, como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, as prefeituras socorreram financeiramente as empresas desde abril de 2020, para que estas continuassem a atender à população de maneira satisfatória. Aqui no Rio, o BRT, recentemente encampado pela prefeitura, ainda não recuperou a capacidade de operação que tinha antes da crise. Uma tragédia.

É preciso que as autoridades adotem medidas urgentes, em articulação com as empresas de ônibus, para assegurar o direito fundamental ao transporte, sem onerar ainda mais o passageiro. Há uma necessidade emergencial, de ajuda financeira imediata, e uma necessidade de longo prazo, de reestruturação total da forma de contratação e operação dos serviços. As soluções já existem, só precisam ser colocadas em prática. E já passou da hora do poder público agir.

Editorial Estação Rio

Foto: divulgação

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