Recuperação dos ônibus é prioridade para população
A Prefeitura do Rio anunciou um novo esquema de bilhetagem digital, que deverá entrar em operação em março de 2022 e estará funcionando plenamente em 2023. A justificativa para troca do atual sistema é dar mais transparência às operações do transporte público e, assim, a partir daí reestruturar o serviço. Esse tempo de espera é longo demais para a população que enfrenta dificuldades todos os dias para se deslocar. Entretanto, o Poder Municipal aposta na mudança da bilhetagem, que hoje atende às necessidades dos usuários, para resolver os problemas para a oferta de transporte digno, que é emergencial.
Na apresentação do novo modelo, não fica claro
quais são os benefícios dessa substituição do esquema para o usuário, que
passará, por exemplo, a ter de usar dois cartões – um municipal e outro
estadual – para se movimentar. Com isso, as integrações entre os modais poderão
ficar prejudicadas. Outra questão importante é como vai funcionar o vale
social, benefício pago pelo governo estadual para pessoas em tratamento de
saúde ou portadores de deficiência, e a gratuidade para alunos que moram em
outros municípios e precisam embarcar em ônibus no município do Rio de Janeiro.
Outro ponto não esclarecido foi como a
Prefeitura vai alocar o saldo remanescente dos cartões em um fundo municipal
destinado à mobilidade urbana. Estes recursos pertencem aos usuários e não à
administração pública, sem levar em conta a complexidade para se determinar
qual quantia pertencerá ao Bilhete Único Carioca ou ao Bilhete Único
Intermunicipal.
A recuperação do sistema de ônibus é urgente. A
solução aguardada pelos operadores para assegurar a continuidade do serviço é a
mudança do modelo de custeio dos transportes – financiado unicamente pela
tarifa paga pelos passageiros –. Atrelada à troca do sistema de bilhetagem, não
há data para essa nova forma de remuneração entrar em vigor o que prolonga a
crise das empresas, com a falta de recursos para manutenção da frota, compra de
combustível e pagamento dos rodoviários, aumentando o sofrimento da população
usuária do transporte público municipal.
Em resumo, para garantir o direito do cidadão ao
transporte, a articulação entre as autoridades e o Riocard é fundamental, para
que o passageiro não seja afetado desnecessariamente. Não é preciso destruir um
sistema que atende à população por outro que levará, pelo menos dois anos, para
funcionar plenamente, adiando a restauração do sistema de ônibus, que é
urgente.
O que os usuários dos transportes exigem do Executivo, no período pós-pandemia, é rapidez de respostas para os problemas que eles enfrentam no dia a dia. Se a atual bilhetagem requer ajustes por que não fazer as alterações no sistema para aumentar a transparência e reforçar a fiscalização? Ganha-se tempo e não se desperdiçam recursos.
Foto: Divulgação
Editorial
Denise de Almeida