Com salários há 2 anos congelados, rodoviários querem 8% de reajuste
Rodoviários de São Gonçalo, Niterói, Itaboraí, Maricá e Tanguá reivindicam reajuste salarial imediato de 8% e aumento de 10% no valor da cesta básica e no da ajuda de custo para aquisição dos uniformes profissionais. Os percentuais integram o cálculo de reposição das perdas econômicas dos trabalhadores nos últimos dois anos, uma vez que a última convenção coletiva ocorreu em novembro de 2019.
A proposta da categoria foi encaminhada pelo Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) para o Ministério Público do Trabalho, órgão que está intermediando as negociações com as empresas, que se recusam a manter o diálogo aberto com a entidade classista.
Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelam que, em 1º de novembro de 2019, quando ocorreu a última data-base dos rodoviários, o custo da cesta básica no Rio de Janeiro era de R$ 455,37, comprometendo 45,62% do salário-mínimo em vigor na época. Atualmente, em valores de junho deste ano, a cesta básica chegou a R$ 619,24, que corresponde a 56,29% do poder aquisitivo dos trabalhadores desta faixa salarial.
“Os valores da cesta básica flutuam a cada mês e, em dezembro do ano passado, ela estava em R$ 621,09, o que representava 68,25% do salário-mínimo. Ou seja, em dois anos, os rodoviários tiveram perdas enormes. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor-Amplo (IPCA), que mede a inflação, por exemplo, acumulado de novembro de 2019 a junho deste ano, atingiu 9,95%. É um quadro devastador para os trabalhadores”, explica o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
A proposta dos trabalhadores permite o pagamento do percentual de reajuste salarial em quatro vezes (2% ao mês) para minimizar o impacto nas contas das empresas. De acordo com Rubens Oliveira, essa concessão dos rodoviários viabiliza o aumento de 8%, somada ao fato de que as companhias cortaram, durante a pandemia, 30% do pessoal, algo em torno de 3,9 mil profissionais, e reduziram a frota em até 50%.
“Houve um drástico corte nos custos das empresas, que, inclusive, demitiram rodoviários mesmo participando do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que foi criado exatamente para impedir que os trabalhadores fossem postos na rua, pois o Governo Federal complementa um percentual considerável dos salários. Ou seja, não há justificativa para o trabalhador pagar uma conta que não é dele. Fizemos nosso papel, agora é a vez das empresas”, avalia Rubens.
As negociações salariais entre rodoviários e empresários foram suspensas em 2020 como consequência da pandemia do coronavírus. Em assembleia realizada na sede do Sintronac, em Niterói, os trabalhadores entenderam que as companhias sofreram prejuízos significativos com as medidas de isolamento social e restrição das atividades econômicas e de lazer adotadas pelos governos na época. Por isso, precisavam de apoio para que não entrassem em falência.
No entanto, o diálogo seria retomado este ano, antes da data-base de 1º de novembro, na medida em que determinados setores da sociedade voltassem a funcionar, o que está ocorrendo inclusive com as escolas.
“Mas o que recebemos foi um sonoro não e portas fechadas. De fato, a situação está se complicando”, conclui o presidente do Sintronac, que não descarta uma possível greve da categoria, caso as negociações não evoluam.
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