Crise dos transportes no Rio ainda sem solução a curto prazo

O contrato da nova bilhetagem eletrônica dos transportes do município pode ser assinado no mês de dezembro, com início da operação em março de 2022. Os prazos foram confirmados na audiência pública realizada pela Câmara do Rio, na semana passada. O projeto apresentado na Casa Legislativa pretende substituir um serviço que hoje atende satisfatoriamente aos usuários, com a justificativa de que não há transparência na operação. Entretanto, a Secretaria Municipal de Transportes não esclarece que tipo de informação é sonegada ao Poder Público e quais são as possíveis falhas existentes no sistema. A Riocard, por sua vez, alega que os dados da bilhetagem são integralmente repassados para a pasta. Se o sistema funciona para o passageiro – que é o mais importante – não seria o caso de se fazer ajustes e correções para alcançar a transparência exigida pelo poder concedente? Se é que essa abertura das informações já não existe.

Enquanto se discute o novo contrato, o sistema de ônibus está definhando com os sucessivos aumentos dos combustíveis, os altos custos de manutenção da frota e da mão de obra, pela competição desleal das vans ilegais e do transporte por aplicativo. A pandemia da Covid-19 aprofundou ainda mais a crise dos transportes, adicionando gastos extras com a necessária desinfecção dos veículos e o distanciamento social, que não foi cumprido, expondo usuários e rodoviários ao risco de contaminação dentro dos coletivos.

O fato é que a população está sem transporte digno para se deslocar e isso precisa ser resolvido rapidamente. É óbvio, que a mudança do sistema de bilhetagem, que só vai funcionar plenamente em 2023, não vai tirar o transporte público da crise a curto e médio prazos. É preciso também, na hipótese dessa substituição se concretizar, tomar as precauções para que nessa transição entre os operadores do sistema, os passageiros não sejam afetados por questões técnicas, como, a falta de interoperabilidade, por exemplo.

Adiar medidas urgentes é penalizar ainda mais os usuários. O foco da Prefeitura deveria ser garantir a continuidade do transporte, que é um direito do cidadão, em vez de desperdiçar tempo e recursos com a cassação de uma bilhetagem eletrônica, que funciona, por uma que talvez dê certo. Parece até que as prioridades se inverteram no caso da mobilidade do cidadão carioca.

Editorial

Denise de Almeida

Foto: Divulgação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: