Empresas se recusam a negociar reajuste dos rodoviários

As empresas de ônibus não responderam à proposta dos rodoviários de 8% de reajuste salarial e 10% de aumento no valor da cesta básica e no da ajuda de custo para aquisição dos uniformes profissionais. Diante disso, o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), vai estabelecer um calendário de assembleias para que os funcionários das viações possam discutir os próximos passos da mobilização da categoria. “Não está descartada a possibilidade de realização de manifestações dos trabalhadores ou mesmo uma greve, caso o impasse permaneça”, disse o Sintronac.

As decisões dessas reuniões afetarão 8,6 mil trabalhadores de 30 empresas dos cinco municípios, que operam 438 linhas municipais e intermunicipais, em uma frota de 3,5 mil ônibus, e transportam aproximadamente 36 milhões de passageiros por mês.

A escala de assembleias tem o objetivo de evitar aglomerações, mas elas devem ser realizadas ainda em setembro para que haja tempo para novas negociações entre patrões e trabalhadores até a data-base da categoria, que é 1º de novembro.

O Sindicato enviará também nesta quarta-feira (1º/09) ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT) comunicando a abertura oficial do dissídio da categoria para os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá. O próprio MPT havia fixado o dia 31 de agosto como data limite para manifestação dos representantes patronais sobre o reajuste salarial. Os percentuais integram o cálculo de reposição das perdas econômicas dos trabalhadores nos últimos dois anos, uma vez que a última convenção coletiva ocorreu em novembro de 2019.

Negociação e desemprego

A proposta dos rodoviários permite o pagamento do percentual de reajuste salarial em quatro vezes (2% ao mês) para minimizar o impacto nas contas das empresas. De acordo com o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira, essa concessão dos rodoviários viabiliza o aumento de 8%, somada ao fato de que as companhias cortaram, durante a pandemia, 30% do pessoal, algo em torno de 3,9 mil profissionais, e reduziram a frota em até 50%.

“Houve um drástico corte nos custos das empresas, que, inclusive, demitiram rodoviários mesmo participando do BEm (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), que foi criado exatamente para impedir que os trabalhadores fossem postos na rua, pois o Governo Federal complementa um percentual considerável dos salários. Ou seja, não há justificativa para o trabalhador pagar uma conta que não é dele. Fizemos nosso papel, agora é a vez das empresas”, avalia Rubens.

As negociações salariais entre rodoviários e empresários foram suspensas em 2020 como consequência da pandemia do coronavírus. Em assembleia realizada na sede do Sintronac, em Niterói, os trabalhadores entenderam que as companhias sofreram prejuízos significativos com as medidas de isolamento social e restrição das atividades econômicas e de lazer adotadas pelos governos na época. Por isso, precisavam de apoio para que não entrassem em falência.

No entanto, o diálogo seria retomado este ano, antes da data-base de 1º de novembro, na medida em que determinados setores da sociedade voltassem a funcionar, o que está ocorrendo inclusive com as escolas.

“Mas o que recebemos foi um sonoro não e portas fechadas. De fato, a situação está se complicando”, conclui o presidente do Sintronac.

Foto: Divulgação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: