Quando será aberta a caixa-preta da pasta de Transportes?
Há uma caixa-preta pendurada na Prefeitura do Rio de Janeiro: trata-se da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), pilotada por Maína Celidonio. A predileta do prefeito Eduardo Paes não justifica decisões polêmicas, atrasa as prestações de contas, faz uma política de subsídios descolada da demanda, não faz uma auditoria no atual sistema de bilhetagem, praticamente ignora o crescimento exponencial das vans ilegais, e torra dinheiro com modais com baixíssima frequência.
Segundo dados filtrados junto à própria SMTR, os gastos com “subsídios” à intervenção do Sistema BRT – iniciados em maio de 2021 – atingiram R$ 127 milhões até 18 de março de 2022. Desde aquela data, há quase um mês e meio, sabe-se lá porque, a Secretaria não publica mais as despesas. Os aportes foram distribuídos da seguinte forma: R$ 35 milhões, com material e prestação de serviços; R$ 42,6 milhões, com pessoal; e R$ 49,4 milhões, com combustível.
O VLT também é uma caixinha-preta. Quando foi anunciado, antes dos Jogos Olímpicos de 2016, o potencial do trenzinho do Centro do Rio era de gerar uma economia de até R$ 410 milhões ao ano – R$ 108 milhões com combustíveis e R$ 235 milhões com a redução do tempo de deslocamento na região. Essas estimativas foram esquecidas. A SMTR já tem compromissos vencidos a pagar ao VLT, próximo de R$ 500 milhões. Se há pouca visibilidade em relação aos números do custeio, é fácil enxergar a desimportância do share dos modais bancados pela Prefeitura: transitam pelo VLT somente 0,9% dos passageiros em todos os modais totais do Rio; no BRT esse percentual sobe para 6%. Ou seja, muito pouca gente para muito dinheiro gasto.
Cabe a Eduardo Paes ordenar a Celidonio que jogue luz sobre o transporte urbano financiado pela Prefeitura. Caso contrário, é desde já adepto da caixa-preta que tanto denuncia nos demais.
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Editorial Estação Rio