Estudo apresenta 10 ações para um transporte sustentável

Um estudo produzido pelo Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe/UFRJ, sobre a visão do usuário do transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, antes e depois da pandemia, foi o tema principal do workshop que debateu o impacto da então crise sanitária no padrão de deslocamento da RMRJ.

O evento foi realizado dia 15 de maio, pela Coppe, com apoio da Semove, na Associação Comercial do Rio de Janeiro e reuniu especialistas em mobilidade urbana e representantes de prefeituras e do Governo do Estado, além do secretário de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo, Fábio Damasceno.

De acordo com a professora e pesquisadora Cintia Machado de Oliveira, secretária executiva da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes (ANPET), que apresentou o estudo, o projeto de mapeamento da nova mobilidade urbana foi dividido em três etapas. A primeira foi uma pesquisa de campo, realizada entre agosto e outubro de 2023, com 4.323 entrevistados, para identificar o padrão de deslocamento da população. Em seguida, foi realizada uma mesa-redonda com representantes das empresas operadoras do sistema de transporte público. Por último, os pesquisadores analisaram artigos técnicos e projetos de sucesso em mobilidade de outros países. Ao reunir a visão do usuário, do operador e iniciativas de outros lugares do mundo, a equipe da Coppe chegou ao top 10 de ações necessárias “para conseguir transformar o transporte do Rio de Janeiro em um transporte sustentável”, segundo Cintia.

As 10 ações propostas são: restauração da confiança dos usuários; maior participação do transporte público, o que exige tempos de viagem reduzidos, linhas diretas, maior frequência, menor custo, conforto e segurança pública; redução da tarifa por meio de subsídio; investimento em infraestrutura no primeiro e último trecho das viagens e nos pontos de ônibus; adoção de medidas de gerenciamento de demanda, como pedágio urbano e restrição de estacionamento; construção de infraestrutura dedicada ao transporte público, como faixas exclusivas ou seletivas; uso de tecnologia para melhorar a comunicação com o usuário; uso de veículos não poluentes; planejamento de linhas que promovam a integração física e tarifária e evitem a sobreposição dos sistemas de transportes, e indicação e autoridade metropolitana, para a coordenação das ações municipais em benefício da RMRJ.

O transporte na RMRJ nos últimos dez anos

A diretora de Mobilidade Urbana da Semove, Richele Cabral, também participou do evento e falou sobre o cenário do transporte público por ônibus na RMRJ. Segundo Richele, muito antes da pandemia, a partir de 2014, as empresas de ônibus do estado do Rio já vinham perdendo demanda e suas frotas vinham sendo reduzidas e envelhecendo. “O número de passageiros de ônibus pagantes da Região Metropolitana nos últimos 10 anos encolheu 44%, nossa frota reduziu em cerca de 50%, e a idade média, que em 2014 era de cinco anos, hoje está passando dos oito, chegando a nove anos”, disse. Outro dado destacado pela palestrante foi o número de empresas que fecharam as portas (30), no estado do Rio, tendo como consequência a redução de 44,5% no quadro de rodoviários.

Richele apresentou outras duas pesquisas, realizadas pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), em 2023, e pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), em 2017. Segundo a diretora, ambas apresentam resultados semelhantes aos apurados pelo levantamento da Coppe. Disponibilidade, custo, conforto, tempo, segurança e confiabilidade foram os seis atributos mais citados pelos entrevistados. “São os que mais impactam na qualidade percebida”, afirmou a diretora.

Serviços compartilhados, tecnologia veicular, inovação, micromobilidade, segurança pública e viária, fidelização dos clientes, Big Data e prioridade para o transporte público. Esses são os caminhos, segundo a executiva da Semove. Ela defende a necessidade de garantir a qualidade que a população usuária do transporte almeja e a sustentabilidade do negócio. “Essas coisas devem andar juntas, a partir de uma visão global para uma ‘nova’ mobilidade urbana. É todo um sistema que precisa estar alinhado na cidade para que a gente possa atrair essas pessoas novamente”.

O secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura do Espírito Santo, Fábio Damasceno, ministrou a última palestra do workshop, quando falou sobre “O Transporte Público na Grande Vitória”. Em seguida, Damasceno integrou a mesa-redonda que debateu a visão do poder público sobre o panorama do transporte público na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Também participaram da mesa: Simone Costa, assessora chefe especial do Fundo de Mobilidade Urbana Sustentável, da secretaria municipal de Transportes do Rio de Janeiro; Renato Barandier, secretário de Urbanismo e Mobilidade de Niterói, e José Roberto de Lima, diretor do Detro-RJ. O debate foi mediado pelo professor Glaydston Ribeiro, do PET/Coppe.

Foto: Divulgação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: