Alerj discute nó nos transportes públicos durante a pandemia
Na audiência pública da Comissão de Transportes da Alerj, que discutiu a ineficiência dos transportes públicos durante pandemia, realizada na última quinta-feira (02/07), o presidente da Fetranspor, Armando Guerra Jr., apontou a mudança do modelo de financiamento do sistema, como medida necessária para evitar o colapso nos transportes. Atualmente, o cálculo das passagens é feito com base no custo operacional dividido entre os passageiros pagantes.
Guerra propõe a criação de subsídio, para aliviar o bolso do usuário, que paga sozinho a conta. Apesar de não ter tido tempo para aprofundar a proposta, o discurso foi bem aceito pelos participantes, entre eles, parlamentares, secretários municipal e estadual de Transportes, Defensoria Pública e a Agetransp, além de representantes da SuperVia, CCR Barcas, Metrô Rio, de associação de moradores e ativistas do setor.
O presidente da Comissão, deputado
Dionísio Lins (PP), reconheceu que as concessionárias estão definhando
com a queda de 72% da demanda em três meses de isolamento social e que
deve haver investimentos para que a qualidade
dos transportes não seja afetada. “O tema é complicado por causa do
vírus, mas nós não podemos deixar cair a qualidade”, afirmou Lins.
O presidente da
Agetransp, Murilo Leal, fez comentários, concordando com Armando
Guerra. Ele argumentou que há duas situações distintas: uma, que é
emergencial, a pandemia, e outra que é uma questão sistêmica. “Como o
presidente Armando falou, a
covid-19 veio para agravar a situação dos transportes. É uma questão
de política pública, que os órgãos do governo, principalmente, o poder
concedente terão de se debruçar”, destacou Leal.
O secretário estadual de Transportes,
Delmo Pinho, ao encerrar a audiência se referiu à proposta de
Guerra. Pinho disse que em todo mundo os transportes estão sendo
pressionados pela queda de demanda durante pandemia e citou os
investimentos que o governo do Reino Unido, EUA e Espanha estão
fazendo para garantir a continuidade do serviço. “O que o presidente
Armando disse talvez alcance o cerne da questão no Brasil e,
particularmente no Rio, onde quem custeia o sistema é o usuário”,
ressaltou Pinho. Ele informou que o governo federal está preparando
uma Medida Provisória para fazer frente à questão do custo da tarifa
emergencial no período da covid-19.
Delmo Pinho comentou também sobre a reunião de secretários de transportes com o governo federal e as mudanças que estão sendo planejadas para o setor, como, por exemplo, o pagamento das passagens só por cartão, a modelagem do edital da licitação das linhas intermunicipais, e o lançamento do edital para modelagem do sistema de bilhetagem eletrônica, lançado no dia 25 de junho.
A Supervia e a CCR Barcas foram muito criticadas por causa das mudanças implementadas na operação. No setor dos ônibus, as reclamações foram o sumiço de linhas e a superlotação no BRT, que foram respondidas pelo secretário e o subsecretário municipal de Transportes. Eles informaram ainda que as obras do corredor Transbrasil vão continuar.
Foto: Alerj