Passageiros da Supervia reclamam de atrasos e interrupções das viagens

Passageiros que utilizam a malha ferroviária no estado do Rio de Janeiro enfrentam frequentes atrasos das viagens e superlotação dos vagões. Só no ano passado, a Agência Reguladora de Transportes Públicos (Agetransp) registrou 650 reclamações sobre o serviço. As principais queixas foram sobre intervalos irregulares, mudanças na grade horária e nos trens expressos, falta de refrigeração, de iluminação e composições sujas. A concessionária recebeu, em 2017, 25 multas de um total de 37, aplicadas às outras, que operam o metrô e as barcas, por exemplo.

O assistente administrativo Fernando da Silva Souza, que mora em Campo Grande, embarca nas composições do ramal de Santa Cruz, todos os dias, para ir trabalhar no Centro da Cidade. Ele diz que o serviço poderia ser melhor. “Os vagões vêm superlotados, muitas vezes estão danificados e frequentemente ocorrem atrasos e interrupções nas viagens”, enumera. Já a secretária Sônia Maria de Lima aprova os trens do ramal de Gramacho. “São limpos, têm ar-condicionado e passam de 10 em 10 minutos pela manhã”, elogia.

Segundo a professora da Escola Politécnica da UFRJ, Eva Vider, para melhorar o atendimento ao usuário é necessário diminuir o tempo de espera. “Aumentar a frequência nos ramais, reduzindo os intervalos, principalmente nos horários de pico, colocando mais composições em operação”, sugere a engenheira de Transportes. Eva Vider disse ainda que é preciso fazer mudanças na infraestrutura. “Melhorar o acesso às estações com novas escadas rolantes e as integrações físicas e operacionais com outros modos de transporte, incluindo as bicicletas”, completa a professora.

Providências da Concessionária

A Supervia informou que o plano de investimentos de R$ 2,1 bilhões, firmado em 2011, para melhorar a infraestrutura, aliado ao reforço dos trabalhos de manutenção, diminuiu a quantidade de ocorrências envolvendo o sistema. Segundo a concessionária, em 2011, os trens apresentavam avarias a cada 23 mil quilômetros rodados; hoje, esses trens viajam por aproximadamente 513 mil quilômetros sem apresentar qualquer tipo de falha. Para a empresa, a medida para o aumento da confiança da população no modal é o crescimento do número de passageiros, que passou de 520 mil por dia, em 2011, para os atuais 600 mil diários. A quantidade de pessoas transportadas atingiu o recorde de 735 mil, no dia 17 de agosto de 2016, durante as Olimpíadas.

Violência e Vandalismo

Com as mudanças, a Supervia alega que os problemas mais recorrentes no sistema ferroviário são causados por fatores externos, como habitações irregulares dentro da via e questões de segurança pública. Uma das ocorrências que mais afetam o funcionamento dos trens é a insegurança nas imediações da via férrea, que motiva constantes operações policiais e tiroteios. Para garantir a segurança de passageiros e funcionários, a concessionária interrompe parcial ou totalmente a circulação das composições, gerando atrasos ou supressões de viagens. Segundo a Agetransp, uma viagem é considerada atrasada se ultrapassar 5% do tempo de duração previsto. Ou seja, um trajeto de uma hora estará atrasado se for feito em uma hora e três minutos. Por contrato, a concessionária tem que atingir um índice de pontualidade de 83%.

Os atos de vandalismo também prejudicam a operação do sistema. A SuperVia informou que gasta, em média, R$ 10 milhões por ano com reparos em trens, estações e equipamentos. Para a empresa, esse dinheiro poderia ser aplicado em projetos de melhorias na malha ferroviária. As ações incluem arremesso de pedras contra os para-brisas dos trens, portas de trens danificadas quando passageiros tentam impedir seu fechamento, janelas arrancadas, depredação de estações, furtos de equipamentos, de cabos de sinalização e de energia, pichação de trens e estações, entre outras ocorrências.

A falta de isolamento completo da malha ferroviária facilita a abertura de passagens clandestinas por onde entram pessoas que não pagam a tarifa. Segundo a  SuperVia, em 2017, agentes evitaram que 408.292 pedestres entrassem no sistema indevidamente, uma média de 1.120 pessoas por dia.

Foto: André Gomes de Melo/ Fotos Públicas.

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