Associação Nacional das Empresas de ônibus reivindica corte de 50% no preço do diesel

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) informou que solicitará nesta quinta-feira (24/5) ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha tratamento diferenciado na política de reajuste de preços do diesel, que tem impacto de 23% nos custos do transporte coletivo. A proposta é de redução imediata de 50% do valor praticado.

Para Otávio Cunha, o corte nos preços para o transporte público faria o insumo voltar aos patamares históricos e evitaria o repasse dos sucessivos aumentos do combustível às tarifas. “Somos um setor regulado, com reajustes tarifários anuais, definidos pelo poder público, mas a política de preços da Petrobras é insustentável”. Segundo Cunha, o setor acumula um prejuízo de R$ 1 bilhão de reais.

A política adotada pela Petrobras em suas refinarias acompanha a alta das cotações internacionais do petróleo. Segundo dados da estatal, nos últimos 45 dias, de 4 de abril a 18 de maio, houve aumento de 25,42% do diesel nas refinarias.

Petrobras cede temporariamente

Para o professor Helder Queiroz, do Instituto de Economia, da UFRJ, o abastecimento do combustível tem de acontecer o mais rápido possível. Segundo Queiroz, a greve conseguiu e uma guinada na política da Petrobras, com o desconto de 10% e congelando dos preços por 15 dias. A redução representa uma perda de R$ 350 milhões nas receitas previstas da estatal. Ele lembra que, na semana passada, os reajustes do óleo diesel foram quase que diários. “Mas isso é temporário o que deixa a incerteza do que virá após o congelamento por parte do governo”, alerta o professor.

De acordo com Queiroz, se persistirem os aumentos, as empresas, certamente, repassarão os custos para os usuários. Entretanto, o professor observa que os preços também poderão cair. “A cotação do barril do petróleo é muito volátil e tem também a variável do câmbio, porque o diesel é importado, e o dólar teve uma forte alta na última semana. Tudo isso pode mudar”, comenta.

Negociações para o fim da greve

No quarto dia da greve nacional dos motoristas de caminhão, o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse que a mobilização só será encerrada quando o presidente Michel Temer sancionar e publicar, no Diário Oficial da União, a decisão de zerar a alíquota do PIS-Cofins incidente sobre o diesel. A Câmara já aprovou a proposta. Segundo o relator, a alíquota zero na contribuição vai permitir uma queda de 14% no preço final do óleo diesel. Para poder ser sancionada pelo presidente, a medida precisa, antes, ser aprovada pelo Senado.

O governo havia confirmado, nesta terça-feira (23/5) que vai zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) mediante aprovação, no Congresso, da reoneração da folha de pagamento. Os caminhoneiros rejeitaram a proposta. Segundo a categoria, o fim da Cide, causaria redução de apenas R$ 0,05 por litro do diesel.

Os caminhoneiros não estão proibindo a passagem de veículos que transportam itens essenciais como remédios nem cargas vivas, produtos perecíveis ou oxigênio para hospital. Ônibus com passageiros e ambulâncias também estão podendo passar pelos bloqueios.

O presidente da Abcam disse que os bloqueios nas estradas estão ganhando força inclusive de grupos não ligados aos caminhoneiros.

Empresas de ônibus endividadas

Várias empresas do Rio têm débito com o Fisco. As informações foram obtidas pelo jornal O GLOBO em consultas ao site da Procuradoria Geral da Dívida Ativa da União. A Transportes Paranapuã, responsável por 14 linhas que ligam a Ilha do Governador ao Centro do Rio e a bairros da Zona Norte, deve R$ 35,6 milhões. Em seguida, na lista de devedores, aparecem a Litoral Rio Transportes (R$ 26,6 milhões); a Viação Madureira-Candelária (R$ 12,7 milhões); a Transportes América (R$ 7,2 milhões); a Viação VG (R$ 3,6 milhões); a Translitoral (R$ 1,8 milhão); a Transportes São Silvestre (R$ 1,3 milhão); e a Vila Isabel (R$ 822,6 mil).

A partir de dezembro de 2017, as oito empresas já registraram paralisações de funcionários em protesto por atrasos de salários. As outras quatro empresas da lista acumulam débitos menores: Normandy (R$ 13,7 mil); Estrela Azul (R$ 8,4 mil); Campo Grande (R$ 6,1 mil); e Três Amigos (R$ 6 mil).

Foto: Tânia Rêgo/ Fotos Públicas.

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